Triste Itabuna... Quanta semelhança...!
(Zelão, cantando pra não chorar!)
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Eu sei que ainda és nova. Apenas 97 anos de emancipação, que alguns preferem chamar de “emancebação”. Foram tantos desencontros em teu caminhar que me fazem pensar se realmente caminhastes para frente, já que pra frente é que se anda, ou destes passos para trás. Caminhastes sobre céu de estrelas, mesmo sabendo que o teto do barraco era de zinco e a porta era sem trinco.
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Sonho meu... Sonho meu. Vai buscar quem mora longe... Sonho meu! Porque muitos dos filhos teus partiram e não mais voltaram. Uns ingratos, apenas te abandonaram à própria sorte. Outros, temendo a própria sorte, fugiram da luta, esquecendo que dos filhos deste solo és mãe gentil.
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Poucos, bem poucos, são os que parecem te amar como filhos. Poucos tem sido os que te devolvem o amor com que os paristes ou os criastes. Pois até mesmo no dia do teu aniversário esquecem de te mandar um presente em forma de lembrança. Ou, se lembram, é para mais uma vez sugar o leite que ainda restou nos teus seios agora murchos.
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Que presente ganhastes no teu aniversário: a inauguração de um semáforo? A transfiguração grotesca de uma das tuas mais belas praças? A inauguração de um painel mosaico em uma fachada de escola? A pintura de um posto médico que mal atende aos teus enfermos? O que mais ganhastes além de promessas que só se realizarão no teu centenário?
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Já sei! Ganhastes uma “filha”... que te obrigaram a adotar. Fizeram contigo o mesmo que fizeram com a “Geni”. Usaram o teu corpo e vilipendiaram a tua alma por alguns trocados. Enlamearam o teu nome e ultrajaram o teu lar, caiando de cinza o teu semblante.
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Mas não deves chorar. Por que deverias? Não vale a pena chorar por quem não nos ama. Guarda as tuas lágrimas. Aqui, diferente de lá, não ouvirás não chores por mim Argentina...! Nem ao menos pedirão silêncio por que será cantado um fado! Triste Itabuna: - Oh, quanta Semelhança...!
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