Ricardo Ribeiro
O ministro Geddel Vieira Lima não faz rodeios. Ele vai direto ao assunto e toca na ferida sem sutilezas. Sobre a morte do senador Antônio Carlos Magalhães, Geddel foi lacônico no lamento e direto no prognóstico: "o momento é de esperança e de olhar para o futuro". Ou seja, o homem não perde tempo nem em velório.
Geddel Vieira Lima tem tudo para ser, de certa forma, o herdeiro político de ACM. O sucede no pragmatismo, na agilidade, no fazer política sem tergiversações, na prática da cooptação e até mesmo em algumas malvadezas.
O ministro encontrou um PMDB esmaecido e o transformou numa força política expressiva. Movimenta-se com rapidez, conquistando novos espaços e atraindo antigos carlistas que não suportaram a orfandade do poder. Com habilidade, ele também agrega forças de outras vertentes, a exemplo do prefeito João Henrique, que saiu do PDT e foi para o PMDB.
Petistas enciumados assistem com medo e espanto a essa movimentação frenética. Temem que o PMDB esteja construindo a pista que venha a lhe assegurar preferência nas futuras decolagens eleitorais.
O problema do PT é a letargia, a demora, é ficar na janela enquanto a banda passa. O partido ainda sofre com uma estrutura burocrática de repartição pública, enquanto a Geddel S/A é uma companhia ágil, com engrenagens azeitadas e, principalmente, com alguém no comando.
Política, como se diz, é a arte de ocupar espaços. E no cenário político baiano surgiu uma enorme lacuna a ser preenchida, com a morte do senador ACM. Como não vivemos em uma monarquia, a sucessão não obedece a um critério de sangue, portanto a disputa está aberta. Quem vencerá?
O vencedor será, obviamente, aquele que melhor se movimentar nesse tabuleiro de xadrez. Será também aquele que conseguir a proeza de transitar nos mais diversos setores políticos, com um discurso na ponta da língua para agradar a todos eles. E, além de tudo isso, se comandar uma legenda que está vinculada ao poder reinante, mas mantém a porta aberta para os velhos "inimigos", derrotados e sedentos, aí não tem jeito.
No folclore político baiano, muito se usou a sigla G.F., cujo significado é por demais conhecido no meio. O que não se sabia é que essas duas letrinhas teriam outro sentido, bastante apropriado:
Geddel Feliz.
Ricardo Ribeiro é jornalista e bacharel em Direito