23 julho 2007

Depois das lágrimas


Ricardo Ribeiro
ricardo.ribeiro10@gmail.com

As lágrimas do deputado ACM Neto representaram nada mais que o lamento sincero de quem acompanhou sofrimento de um avô, presença forte em sua vida e farol de sua carreira.

Ouso dizer, porém, que a tristeza do jovem parlamentar está restrita às lembranças de família. Se for ultrapassada essa fronteira estritamente privada, a dor cede lugar a uma percepção bem nítida: a morte do líder do carlismo significa o fim de um obstáculo à própria sobrevivência do DEM e, por conseqüência, do político ACM Neto.

O senador ACM comandou a política baiana com mão de ferro durante 40 anos. Ele não conquistava aliados, agregava por imposição. O homem que gostava de dizer “eu não sou teimoso; teimosos são os que teimam comigo” foi se tornando sobrevivente de um estilo de fazer política ultrapassado.

Quando Paulo Souto perdeu a eleição para Jaques Wagner, o senador ACM apressou-se em dizer que a derrota era única e exclusivamente do ex-governador. Para muitos, entretanto, o que houve foi uma reação do povo baiano aos grilhões enferrujados do carlismo.

Amigo dos amigos e inimigo implacável de quem dele discordasse, ACM acumulou desafetos e impedia alianças naturais do seu partido dentro da Bahia. Se nacionalmente, o ex-PFL era sempre parceiro do PSDB, por aqui a guerra entre o senador e Jutahy Magalhães não permitia a união.

Ultimamente, o grupo carlista ensaiava aproximações com outras legendas, mas a figura de ACM seria sempre uma pedra no caminho. Ele aceitaria abrigar-se no PMDB e seguir as diretrizes do inimigo Geddel? Difícil de acreditar.

Como sigla partidária própria, ACM era como uma mãe severa, que tranca a filha em casa para impedi-la de namorar. Agora, o DEM já discute como realidade palpável uma dobradinha com os tucanos em 2008. Pode também ampliar o namoro com o PMDB, paquerar com o PDT e... Bem, deixemos para a imaginação do leitor o que poderá fazer com o PT.

Ricardo Ribeiro é jornalista e bacharel em Direito.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ao PT caberá o nobre papel do português na suruba...rsrsrsrsrs

Anônimo disse...

Zelão Exulta:

Esse é o meu garoto!!!!
Apostei nele e ai está nascendo um comentarista político com visão moderna.

E por ai "garotinho do papai"!

kkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

O ultimo choro será na missa de setimo dia.
Depois disso os politicos vão cuidar de de suas vidas e ACM viverá nas mentes e atos de lacaios subservientes.