Istoé elege Jaques Wagner o "Brasileiro do Ano"
O governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, acaba de ser apontado como o Brasileiro do Ano, pela Istoé, ao lado de Lula, do corredor Marílson dos Santos, do ministro do STF Márco Aurélio de Mello, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Eis a matéria de Wagner:
'Política
Jaques Wagner
A surpreendente derrota da oligarquia de ACM na Bahia faz de seu artífice O Brasileiro do Ano na Política
Por Rudolfo Lago
Quem olha, não tem dúvida. O passo meio arrastado. O corpo que ginga malemolente. O terno bem cortado, quase sempre claro, de tecidos leves, como o linho. O cabelo branco cuidadosamente penteado. A barba bem aparada e levemente perfumada. O sotaque forte, acentuado, numa voz quase sempre calma, sem pressa. Quem olha, não tem dúvida. Jaques Wagner é baiano.
A verdade é que esse é o ponto que mais o aproxima dos 3,2 milhões de pessoas que o elegeram governador no primeiro turno das eleições deste ano. Jaques Wagner é baiano por escolha. E foi pela escolha dos baianos que ele venceu a mais surpreendente eleição deste ano. Em vários Estados, os eleitores passaram recado semelhante: exigiram renovação e derrotaram as velhas oligarquias e seus carcomidos esquemas políticos.
A eleição de Jaques Wagner na Bahia foi o mais eloqüente desses recados: com 52% dos votos, ele despachou para casa o governador Paulo Souto, do PFL, e pôs fim a 16 anos de poder ininterrupto do grupo comandado no Estado pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). “A Bahia me ganhou”, diz Jaques Wagner, que ganhou o comando da Bahia. O nascimento, há 55 anos, foi a 1,6 mil quilômetros de Salvador, no bairro de Cascadura, periferia do Rio de Janeiro. A pele branca e os olhos azuis vêm de mais longe ainda: da Polônia, de onde seus pais, José e Paulina, migraram no começo da década de 40 do século passado.
E não foi com o catolicismo que se deu o sincretismo do candomblé baiano no caso de Jaques Wagner. Ele é judeu, e seus pais fugiram da Polônia perseguidos pelo nazismo depois da ocupação pela Alemanha de Adolf Hitler. “Eu sou um baiano de Cascadura, e não creio que haja aqui na Bahia alguém que não me veja como baiano”, diz ele. “Afinal, eu vivi 23 anos no Rio e já são 32 anos de Bahia”, completa.
Talvez fosse mesmo necessário um baiano de casca dura, valendo-se do trocadilho, para operar o que as pesquisas eleitorais apontaram até o último dia como algo imponderável: a derrota da oligarquia de ACM na Bahia. “Um mês antes da eleição, eu disse a Lula que nós íamos vencer na Bahia”, revela Jaques Wagner. Na ocasião, falou ao presidente: “Você vence no primeiro turno e vem de faixa no peito me ajudar a ganhar no segundo.” Nem mesmo Wagner poderia àquela altura imaginar que se processaria exatamente o contrário.
Ele é quem venceu no primeiro turno, e a sua vitória foi um dos fenômenos que alavancaram Lula a conseguir derrotar no segundo turno Geraldo Alckmin, do PSDB, na disputa presidencial. A derrota do grupo de ACM provocou impacto tão impressionante que Lula fez em Salvador o primeiro comício do segundo turno.
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