11 janeiro 2007

A arte de furtar

Ia este blogueiro caminhando pelas calçadas irregulares de Itabuna, quando deparou, na estande de uma livraria, com uma obra inusitada. O livro, supostamente escrito por um anônimo no século XVIII, tem apresentação de João Ubaldo Ribeiro e assusta com o título: "A arte de furtar".

O blogueiro quase cai de costas ao ver tamanha indecência ali disponível, ao alcance de qualquer consumidor. Imediatamente imaginou a possibilidade de receituário de tamanho grau de periculosidade ir parar nas mãos de algum político desses que nos circundam.

Um amigo, do tipo que não acredita mais nem na mãe, removeu as nuvens de preocupação, mas deixou outras. Disse: "deixe de ser besta, os nossos políticos podem escrever livros muito melhores que esse". Diante de tamanha demonstração de incredulidade, este que vos escreve ficou desconcertado, contagiado pela desesperança.

Mas insisti que "A Arte de Furtar" não deveria estar nas prateleiras. Hitler mandou queimar obras magníficas e no Brasil, os militares prendiam quem tivesse "A mãe" de Gork ou "O Capital", de Marx, na estante. A família de Garrincha processou Ruy Castro e sua editora, só porque o jornalista escreveu, entre outras coisas inocentes, que o sucesso do craque com as mulheres tinha a ver com o seu "argumento" de 25 centímetros.

Pois bem, vejam como esse é um mundo incongruente. Livros inofensivos tratados com tal violência e uma obra que disseca o ofício dos amantes do alheio posando de título didático. É realmente o sinal dos tempos.

P.S.: Depois de refletir um pouco, o blogueiro acabou por concordar com aquele amigo pessimista. O perigo não é os políticos aprenderem a tal arte, mas aperfeiçoarem a receita...

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