Que “baixe” o espírito universitário... !
Gérson Menezes
publixcriativo@hotmail.com
Certa vez, em tempos idos, em uma reunião no antigo auditório da ainda FESPI, quando eu era aluno do curso de direito, não concluído, quase fui lixado ao dizer: “tenho buscado até nos centros espíritas e nos terreiros de macumba, ver baixar o espírito universitário que falta a esta universidade”. Minha indignação, já àquela época, até se justificava, por ser os primeiros anos do Campus, congregando as faculdades de Itabuna e Ilhéus.
Mesmo estando afastado das salas de aula, nunca me afastei inteiramente dos destinos daquele que, sempre julguei, seria o núcleo principal do pensamento e, por conseqüência, do desenvolvimento regional. E assim fiz, quando na luta pela estadualização, já sendo publicitário, criamos, produzimos e doamos ao DCE, àquela época, presidido pelo hoje advogado Davi Pedreira, a campanha publicitária com o título “Não Deixe Esse Coração Parar de Bater”.
A Fespi, após a vitória da luta pela estadualização, se transformou na UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz, nome que foi dado em alusão à “Terra de Santa Cruz” como chegou a serem chamadas as recém-descobertas terras do hoje Brasil (nome com o qual nunca concordei, porque até mesmo na historia nacional é pouco citado). Com a estadualização a UESC cresceu (ou teria inchado?). Mas, e, contudo, não se fomentou o surgimento do “espírito universitário”, aquele conceito estrutural que unifica os pensamentos e verdadeiramente dá alma ao corpo físico de uma universidade.
A UESC é ainda hoje, no meu inexpressivo entendimento - portanto com baixíssimo valor crítico, mas meu como cidadão grapiúna - apenas, uma “fábrica de diplomas” para um grupo de privilegiados (não por culpa direta deles) mantidos às custas dos impostos pagos por toda a comunidade regional. Sem nada, ou muito pouco, darem em troca a esta mesma comunidade. Falta inteiração. Falta compromisso. Faltam políticas coordenadas, que deveriam partir da própria universidade, que “acendesse as velas que dariam a luz” e “entoasse os cânticos que dariam voz” ao que conhecemos como – Espírito Universitário.
Nas comemorações festivas de colação de grau da primeira turma do curso de medicina, o Governador Jaques Wagner no seu discurso, indiretamente “invocou” este espírito, ao conclamar os novos médicos a atenderem fielmente o compromisso social que a profissão por eles escolhida imponha por força do juramento solene que acabavam de fazer.
Mas, e de que forma se dará esse compromisso se além das muitas matérias curriculares, dos estafantes estágios e plantões, não foi neles “inoculado o vírus” do compromisso da retribuição para com a comunidade que proporcionou a todos, as justas alegrias daquele momento.
Muitos, advindos de outras regiões do Estado e de muitos outros Estados da Federação, retornarão para de onde vieram e lá exercerão “profissionalmente” o novo mister. Da imponente torre administrativa que se ergue aos céus da nossa região e que abriga as ilustres e “doutas” cabeças iluminadas, há de se esperar que seja o primeiro lugar onde deverá “baixar o espírito de luz”, que se irradiará por todo o campus.
Gérson Menezes é publicitário
3 comentários:
Senhor publicitário, o correto é "linchado" e não "lixado".
Acredito que o publicitário quer dizer o mesmo que "levar uma lixa"... e não ser "assassinado, esquartejado"...
Esse é papo derrotado. A questão não está apenas na Uesc. Temos uma sociedade antropofágica, própria de região de fronteira aonde quem se dá bem se lixa para quem vive arrombado.A vassoura-de-bruxa nos igualou a todos. Aliás, o professor Soane Nazaré, ao se despedir da vida reitoral e acadêmica, condenou de forma veemente, essa nossa antropofagia, essa cultura de abandonar os problemas e não ter disposição firme de enfrentá-los. Um dia, quem sabe, essa mentalidade mude. Aí, meu caro articulistas, nem estaremos mais aqui.
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