Faltou vaselina

Ricardo Ribeiro *
ricardo.ribeiro10@gmail.com

A permanência da greve dos professores da rede estadual de ensino está hoje mais atrelada a uma questão de forma. Ou seja, não se prende aos aspectos fundamentais do movimento reivindicatório, que teria como principal bandeira a exigência de um reajuste salarial linear de 17,28%.

Na verdade, o que seria principal (a reivindicação do aumento de salário) tornou-se secundário em meio a uma série de passos equivocados na negociação entre governo e APLB. Declarações de ambas as partes conduziram o processo para a discórdia, quando o correto seria almejar o consenso.

Depois de terem assistido ao lamentável bate-boca entre o presidente da APLB, Rui Oliveira, e o secretário de Educação Adeum Sauer, ao vivo e na TV de ACM, os baianos têm agora um novo dissabor, quando já acreditavam estar a crise em seus estertores.

Preocupado com a repercussão negativa da greve, o governador Jaques Wagner cobrou manifestações de apoio dos partidos ditos aliados. Não ouviu nada além de murmúrios, à exceção do PT (que não é aliado, por ser território do próprio Wagner). O partido fez divulgar uma carta, na qual classifica a postura da APLB de “erro histórico” e convoca os professores a retornarem às salas de aula.

Por seu turno, o apimentado Rui Oliveira acusou o golpe e devolveu os petardos bem ao seu estilo PP (Porrada-Pura). Para o sindicalista, o PT procurou intervir de forma indevida no debate, tentando “dirigir” os rumos do movimento docente. Nítido exagero de menino birrento.

Nessa briga de gato e rato (não se sabe quem é quem), ambos os lados terão que ceder. A greve dos professores é justa e legítima, mas já não tem o apoio da sociedade. Passou dos limites e hoje serve ao deleite da oposição carlista, que já está reunindo os melhores momentos do filme para o próximo programa político do DEM.

* Jornalista e bacharel em Direito