Ilheense grávida não consegue provar que é mulher
Reportagem de Vinícius Queiroz Galvão, da Folha de São Paulo, retrata o drama de James Alves da Silva, 16 anos, nascida no distrito ilheense de Banco Central e que migrou para São Paulo aos três anos de idade.
James está grávida e impedida de fazer o pré-natal porque foi registrada com nome de homem. Pior que isso, ela também não pode agendar o parto. Por ter sido registrada como do sexo masculino, a adolescente somente terá atendimento médico quando estiver em trabalho de parto.
James (pronuncia-se de forma aportuguesada mesmo!) não consegue ao menos casar-se com o pintor José Rocha Pereira, 28 anos. A reportagem ainda relata que ela também não poderá registrar o filho em cartório, pois, para a lei, ela é homem, assim como o "namorido" com quem convive há cinco meses.
A adolescente nunca teve problema por causa do nome registrado de forma errada pelo cartório, ainda em Banco Central.
"Em outubro passado, Ana Célia Alves da Silva, 37, empregada doméstica e babá, mãe de James, voltou ao Nordeste para resolver o erro de 16 anos. Ouviu um "não" do notário. Foi exigido que a menina estivesse lá para entrar com ação em juízo, por meio de advogado. As duas, mãe e filha, teriam de ficar em Ilhéus durante o trâmite do processo."
A Secretaria de Saúde de São Paulo somente resolveu intervir no caso quando consultada pela reportagem da Folha. A primeira consulta do pré-natal deverá ocorrer na próxima quinta-feira, dia 5.
Confira a entrevista de James a Vinícius Queiroz Galvão:
FOLHA - Você gosta do seu nome?
JAMES ALVES DA SILVA - Não [ela ri].
Por quê?
Ah! É esquisito, ninguém tem esse nome. Também é nome de homem, não gosto.
Qual nome você quer ter?
Nicole.
Por quê?
Porque eu acho bonito.
De onde você tirou Nicole?
Da televisão, dos filmes, das novelas.
Você lembra de alguma personagem que te inspirou?
É aquela atriz, Jennifer Nicole [Freeman]. Ai, esqueci o nome do... "Eu, a Patroa e as Crianças". É uma série [transmitida por Sony e SBT].
E qual nome você quer dar a seu filho?
Jennifer.
Mas você nem sabe se é menino ou menina. Ainda nem fez os exames...
Acho que é menina, mas ainda não fiz o ultra-som. Queria menina.
Já foi ao posto de saúde?
Ainda não consegui marcar os exames.
Na escola você nunca teve nenhum problema?
Só me chamavam de James [na forma masculina, "Jeimes"].
E o que você sentia nessa hora?
Ficava com uma raiva! Uma vez até discuti com a professora, que insistia em me chamar de James [na forma masculina].
E te chamavam de James Bond?
Demais [ela ri].
E como você soube que era do "sexo masculino"?
Quando meu pai voltou da Bahia [e trouxe uma segunda cópia da certidão de nascimento], eu li. E quando fomos tirar o RG disseram que não passava porque era do sexo masculino. Fiquei triste.
E te deu vontade de quê?
Quero trocar o nome.
Clique aqui se for assinante Uol ou Folha para ler a reportagem na íntegra.
2 comentários:
Ilhéus é competente até nisso.
Essas coisas só acontecem no Brasil. Mudar o nome deveria ser coisa simples, mas a justiça complica. Isso é coisa de quem não têm o que fazer. Ficam colocando obstáculos onde não existe. Quantos artistas mudaram de nome sem terem que passar por esses vexames. Sabe o que penso sobre tudo isso, é que James é pobre. Se fosse rica tinha um monte lambe bosta pra resolverem o problema dele(a) desculpe.
Postar um comentário