14 julho 2007

A última batalha de ACM

Ricardo Noblat

Esta manhã, depois de ter sido visitado pelos colegas Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) olhou para uma das enfermeiras que o atendem na UTI do Instituto do Coração (INCOR), em São Paulo, e o perguntou abatido:

- Eu não vou ter mais condições de sair daqui, não é mesmo?

Em seguida começou a delirar e foi entubado pelos médicos. Delirou por pouco mais de 20 minutos. Recobrou a consciência. A hemodiálise diária faz o que os rins já não conseguem mais fazer. O intestino começou a pifar. O coração está cada vez mais fraco.

O estado de saúde dele agravou-se nas últimas 48 horas. Antes, os médicos cogitavam de lhe dar alta. ACM ainda ficaria se recuperando por mais três ou quatro dias em um apartamento do INCOR ou do Hotel Maksoud Plaza. Voltaria à Bahia. Ele fará 80 anos em 4 de setembro próximo.

Está dividida a opinião da equipe de oito médicos que cuida dele. Há os que acham que ACM ainda poderá se recuperar caso o intestino volte a funcionar. Há os que não acreditam mais nisso. A mulher dele, dona Arlete, os dois filhos (Junior e Teresa) e os oito netos já estão em São Paulo.

ACM está internado no INCOR há 30 dias. É a quinta vez que ele se interna ali desde março último. Nas quatro primeiras, de alguma forma ele comandava os procedimentos médicos. É formado em medicina, embora jamais tenha exercido a profissão.

Dava palpites no seu tratamento, reclamava dos médicos quando discordava da opinião deles e quase sempre estipulava o prazo de sua permanência no hospital. Alegava ter compromissos na Bahia ou em Brasília. Recusou-se a fazer hemodiálise. Acabava impondo sua vontade.

Dessa última vez, não. O coração já não bombeava sangue suficiente para irrigar os rins. Submeteu-se de imediato a uma hemodiálise - e no dia seguinte teve arritmia e queda de pressão. O coração chegou a bater 170 vezes por minuto. A média ficou em 120. A pressão caiu a 7 por 4.

Sem poder mais tomar sedativos, ACM recebeu choques no coração para que ele voltasse a bater normalmente. "Vamos rezar para que ele resista", sugeriu um dos médicos do INCOR em conversa com um parente do senador. "Foi um exame duro, muito duro", admitiu depois o próprio ACM.

Há mais ou menos 10 dias, quando foi visitado por Tasso Jereissati (PSDB-CE), ACM lhe pediu que fizesse um discurso no Senado exaltando sua ligação com a Bahia. Jereissati fez. Ao receber, hoje, Renan e Sarney, ACM disse a eles que havia falado por telefone com senadores do DEM.

- Você vai sair dessa - garantiu a Renan, enrolado na história do lobista de empreiteira que pagou parte de suas despesas com a ex-amante Mônica Veloso, mãe de uma filha dele.

De tantas em que se meteu, ACM sabe que essa é sua mais dura batalha - e talvez a última. E ainda não perdeu a esperança de vencê-la. "Quero viver, quero viver", repetiu ele no fim desta tarde quando avistou um dos netos.

www.noblat.com.br

7 comentários:

Anônimo disse...

Que não nos esqueçamos das MALVADEZAS deste Senhor, porém que Deus o perdôe dos seus pecados.

ATÔNITO, com o iminente fim de ACM

Anônimo disse...

Zelão Pezaroso:

Xiii! Os médicos legistas tão tendo problemas com a mumificação?

Anônimo disse...

É muito triste saber que o senador ACM luta pela vida. Possui defeitos, como todos nós. Mas em nossa história ninguém, ninguém mesmo, tanto fez pelo nosso Estado. Ademais, os defeitos que lhes são atribuidos assemelham-se ao que são praticados por quem hoje se encontra no poder. Com toda certeza, ao lado de Ruy Barbosa e Jorge Amado, integra o tripé que mais se destacou e mais levou adiante o nome de nossa querida Bahia, de tantos talentos. Que Deus nos reserve um novo lider, com tanta garra e disposição, mesmo sabendo que também cheio de defeitos, para comandar o caminhar de nosso Estado.

Anônimo disse...

Respeitamos a dor da família do senador ACM, mas não se pode deixar de lado as muitas e muitas maldades desse senhor. O Estado da Bahia nada deve ao senador ACM, ocupamos as primeiras posições nos indicadores sociais, como analfabetismo, saúde, dentre outros, graças as políticas administrativas desenvolvidas por ele e seus comandados, em quase quatro décadas. O acerto de contas entre ACM e o Senhor das Trevas (o velho Satanás) será semelhante a um partida final de copa do mundo entre Brasil x Argentina. Do pescoço pra baixo é canela. Eu ainda aposto no Malvadeza.

Anônimo disse...

Francamente, não vejo diferença entre as malvadezas do DEM e as malvadezas do PT. Segundo o Bird, a corrupção jamais esteve tão fora de controle no Brasil. Culpa de quem? Do sistema, dirão! Pode ser, mas é interessante como os velhos arautos da moralidade hoje têm as mesmas práticas daqueles nos quais atiraram pedras. Fico na dúvida se esse país tem jeito, com ou sem ACM...

Anônimo disse...

Senhores, é recomendável primeiro saber qual a metodologia do estudo.

Alguém sabe responder como ele é feito?

É um estudo do Banco Mundial ou apenas um apanhado de entrevistas?

O que muitos aqui estão chamando de "estudo do Bird", não passa de uma pesquisa do Banco Mundial sobre a percepção que o brasileiro tem da corrupção no seu país.

Como ela é medida, mensurada?

Coletando entrevistas.

Para tirar qualquer dúvida sobre o tema, basta consultar instituições renomadas como a Fundação Getúlio Vargas e a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

De posse dessas informações, perceberemos que hoje não existe nem mais nem menos corrupção. Ela aparece mais porque se tratou de meios mais eficientes para 'identificá-la'. Ou combatê-la.

Lembremos dos tempos em que o Brasil possuía um engavetador-geral da República e nada era investigado, apesar de escândalos múltiplos. Em que tempo um irmão de presidente iria para a berlinda?

Por tudo isso, senhores, é melhor analisar os dados antes de tirar qualquer leitura apressada.

O que temos de errado hoje?

Pouco existe de medida preventiva contra a corrupção.

A propósito, indicamos a leitura da matéria "O Brasil está mais corrupto?", da revista Época desta semana. "Apesar de um novo estudo do Banco Mundial dar essa impressão, os fatos mostram o contrário"....

Anônimo disse...

O "pra sempre" sempre acaba...