Ainda é possível amar!
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Existem manifestações que, de tão raras nos dias de hoje, quando ouvimos, somos tomados de espanto, incredulidade e descarados pudores que fingimos possuir. Tal aconteceu comigo há uns poucos dias atrás em um momento festivo, quando conversando com a esposa de um dileto amigo, perguntei a ela se aceitaria que o seu marido entrasse para a política.
Quase em forma de súplica, a gentil senhora, a qual em respeito aos seus sentimentos não declinarei o nome, usou o seguinte argumento pra me dissuadir da idéia: “...Por favor, amo o meu marido e por nada neste mundo quero perdê-lo. Temo que ao entrar na política ele adquira vícios com os quais eu não saberia conviver...”.
No momento que escutei tal apelo, por ser um apaixonado pela política, só entendi a declaração como um desalento de alguém pela política. Só um pouco mais tarde pude aquilatar o verdadeiro sentido. Vi então que muito mais que um repúdio à política existia ali uma real declaração de um amor apaixonado e apaixonante entre uma mulher e um homem que, diante do imediatismo da vida e dos acordos pré-nupciais que transformaram as uniões do hoje em negócios comerciais como outros congêneres, ficou difícil escutar.
Acho que sentimos vergonha de dizermos: - Eu te amo! Soa aos nossos ouvidos como pieguice e até julgamos que, aos ouvidos da pessoa amada, venha a soar como um cínico pedido de desculpas por algum “deslize extraconjugal” que tenhamos cometido. Sei que as mulheres, não todas, ainda cultivam o romantismo, muito mais que nós homens, machos latino-americanos, para quem romantismo ou mesmo uma simples manifestação de amor pode vir ser entendida como fraqueza da nossa parte.
Só sei que ao ouvir da gentil senhora tal declaração e após avaliar o seu verdadeiro sentido, me senti tomado de culpa e arrependimentos porque, talvez, ao longo dos meus trinta e dois anos de matrimônio (com a mesma mulher), aos poucos tenha esquecido de dizer a ela, todos os dias, como o fazia no tempo de namoro e mesmo nos primeiros anos de casados: - Eu te amo!
Como essas duas curtas palavras soam bem aos nossos ouvidos. Como faz bem ao nosso ego escutá-las. Quantas uniões não se nutririam, ou deixariam de morrer por inanição, se fossem comum dizermos e ouvi-las.
À gentil senhora esposa do meu dileto amigo quero agradecer. Sei que se ler essa pensata, ambos, nela saberão identificar-se. E mesmo que não venham a ler, sou grato, por fazer-me lembrar que ainda é possível a existência do amor entre um homem e uma mulher, não importa o tempo em que estejam juntos. E que cada dia é dia de celebrar o amor que nos uniu um dia.
Gerson Menezes é publicitário
Um comentário:
Lindo o seu artigo Gerson...Te conhecí nos anos 70 e sei do seu jeito carinhoso e de sua capacidade de amar. Celebre a vida e vivifique o amor todos os dias, não tem coisa melhor do que ouvir EU TE AMO da pessoa amada... Sucesso!!!!!
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