25 novembro 2006

Papagaio come milho...

No livro "Minhas histórias dos outros", o jornalista Zuenir Ventura conta um caso engraçadíssimo, ocorrido nos idos de 1980, período em que o Brasil vivia a abertura política. Era o começo do fim da terrível ditadura militar e vários políticos exilados retornavam para casa.

Pois bem, um desses políticos era o ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, hoje deputado federal pelo PV. Ao voltar para o Brasil, após mais de uma década vivendo na fria Suécia, Gabeira não teve dúvidas sobre o primeiro lugar aonde queria ir: logicamente, a praia.

E foi nas areias de Ipanema, num período de desbunde e liberdade sexual, que Gabeira estreou uma tanguinha lilás de croché, mínima e veadíssima. Foi um alvoroço e o homem que participou do seqüestro de um embaixador americano logo se tornou um dos principais símbolos daqueles tempos de abertura: era o ídolo dos jovens, intelectuais e - óbvio - dos homossexuais.

O grande lance da história é que, segundo Zuenir, Gabeira não é homossexual e sua aparição de tanguinha era mais uma forma de afrontar a ditadura (no bom sentido, claro).

O jornalista conta que, por essa época, convidou Gabeira para uma reunião com uma turma de jovens que eram fãs do homem da tanga. Na reunião, estava outro ex-guerrilheiro, este sim homossexual assumido e militante, que se zangou com a tietagem dos jovens com o hetero Gabeira.

A reunião transcorria alegre e festiva, com a turma "babando" Gabeira, quando o gay da guerrilha levantou-se, brincando de indignado, e disparou, para gargalhada ampla, geral e irrestrita:

- PÔ, EU QUE DOU O RABO E É O GABEIRA QUE FICA COM A GLÓRIA!

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