24 setembro 2006

Por que tudo pode acabar no 1º turno?

São visíveis o desgaste moral e a queda nos índices de intenções de voto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há dez dias o País entrou em ebulição com a descoberta da dinheirama petista para pagar um dossiê tabajara que, supostamente, reservava 'traques' para os tucanos José Serra e o presidenciável Geraldo Alckmin. O petista caiu nas pesquisas. Uma delas, a última do Ibope, revela a proximidade de intenções de votos entre a soma dos adversários e o presidente Lula.

A pesquisa serviu de combustão para muitos especialistas apostar na realização de um segundo turno. O levantamento, realizado entre os dias 20 e 22, ouviu 2.002 eleitores. Apontou Lula com 47% dos votos, contra 33% de Geraldo Alckmin e 8% de Heloísa Helena. Somando-se o percentual de todos os adversários de Lula, a diferença caiu de 15 para três pontos percentuais no intervalo de um mês. 47% de Lula e 44% dos adversários, juntos.

Por que tudo pode acabar ainda no primeiro turno?

Basta fazer um comparativo entre a pesquisa Ibope e a do Datafolha. Esta última foi bem mais abrangente, ouviu 4.319 eleitores, mais que o dobro do Ibope - que também faz pesquisas para a Rede Globo e a campanha do presidenciável tucano Geraldo Alckmin. Historicamente, o levantamento de maior credibilidade é o Datafolha - por não fazer pesquisas encomendadas por partidos políticos. Nela, Lula aparece com 49% dos votos e a soma dos adversários bate na casa dos 40%, chegando-se a uma diferença, ainda, de sete pontos entre o presidente e os demais. Praticamente, Lula não perde em relação à pesquisa anterior - apenas um ponto. Alckmin sobe dois, mas tirando votos de Heloísa Helena.

Apesar da maior abrangência da pesquisa Datafolha, os comentaristas políticos preferiram comentar a do Ibope, feita num intervalo de tempo maior (três dias). Mesmo a pesquisa do instituto dos "Montenegros" revelar uma tendência, não se pode esquecer que a mais atualizada e que pegaria os efeitos da crise do Dossiêgate com maior intensidade seria a do Datafolha (feita toda ela na última sexta-feira, enquanto a do Ibope se diluiu entre a quarta e sexta). Resta saber o que leva comentaristas políticos experientes a levar em conta apenas a pesquisa Ibope em suas análises. Conduzem a coisa por um viês totalmente errado. O mais ético seria fazer uma comparação entre ambas e traduzi-la para o leitor-ouvinte-telespectador-eleitor. O contrário é estelionato jornalístico.

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