Briga de foice na BA
Do Estadão:
"Eleições na Bahia saem do palanque e vão para os tribunais
A campanha com os dois principais candidatos, Paulo Souto (PFL) e Jacques Wagner (PT), foi a que mais produziu ações e condenações judiciais, avaliam seus advogados
Christiane Samarco
SALVADOR - A batalha eleitoral pelo governo da Bahia entre o candidato à reeleição Paulo Souto (PFL) e o petista Jaques Wagner saiu dos palanques para os tribunais. Advogados das duas campanhas não têm dúvidas de que esta é, de longe, a disputa eleitoral baiana que mais produziu ações e condenações judiciais, com a concessão de direito de resposta ou supressão do tempo de programa no rádio e na televisão por uso indevido do horário eleitoral.
"A campanha foi altamente judicializada", diz o petista Jaques Wagner que, a despeito dos protestos do adversário e das penalidades aplicadas pela Justiça, usou e abusou das imagens e falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu programa eleitoral. O resultado foram mais de 50 condenações com direito de resposta, que permitiram ao pefelista Paulo Souto ocupar 25 minutos do programa de Wagner na televisão. "Já estou até enjoado de tanto aparecer no programa dele", ironizou Souto, referindo-se ao adversário.
"Eu acho que a cola de imagem (dele com o presidente) é natural, porque somos amigos há 28 anos, fui ministro de Lula e estive ao lado dele no momento da crise", justifica Jaques Wagner, ao reclamar da postura da Justiça. "O TSE decidiu pela verticalização das alianças e agora não deixam verticalizar as campanhas. É um absurdo". Ele defende a tese de que, "querer fingir que Lula não tem lado é estelionato eleitoral".
Troca de farpas"Nossos adversários é que não assumiram nada e esconderam o candidato deles", critica, ao lembrar que, no debate entre os candidatos a governador da Bahia, o pefelista Paulo Souto não fez uma única referência ao nome do presidenciável tucano Geraldo Alckmin. "Nem parecia que o PFL tem candidato a presidente", alfinetou. "Minha posição está muito clara e, se estamos discutindo o governo da Bahia, não tenho porque mencionar Alckmin, até porque em nenhum momento fui provocado a fazê-lo", contestou Souto, que nunca exibiu a imagem do candidato tucano a presidente em seu horário eleitoral.
Wagner, entretanto, usou até os comerciais no rádio e na televisão para vincular ao máximo sua imagem à do presidente Lula, na tentativa de virar o jogo eleitoral que segue apontando vitória de Souto no primeiro turno. Nestes últimos dias de propaganda, ele reprisou à exaustão cenas de um comício com Lula na Bahia, em que o presidente levanta seu braço e questiona a platéia: "Eu não acredito que o povo baiano que eu amo tanto não vai votar no companheiro Jaques Wagner para governador da Bahia".
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