05 novembro 2006

"Explorável" público!!!

Circo é alegria, magia e tudo mais. Quem não ri com as brincadeiras bobas dos palhaços e não prende a respiração quando o trapezista dá o salto mortal? Mas a mágica mais incrível do Circo Beto Carrero, instalado em Itabuna, é fazer desaparecer o nosso Real.

Óbvio que não se trata de um circo qualquer. Em primeiro lugar, é um espetáculo caro, com um razoável elenco de artistas e bichos exóticos, todos muito bem tratados. Os números não são muito diferentes, na verdade é quase tudo muito igual mesmo - desde a mulher que entra em um balaio no qual são enfiadas diversas espadas, até o atirador de facas e o globo da morte com seu barulho infernal (e são seis motos, é de lascar o tímpano!).

No mais, a risada é igual, o susto é igual e a surpresa com o truque de magia é a mesma de qualquer circo baratinho, desses que viajam por aí no maior perrengue. A diferença está mesmo no preço. O ingresso de Beto Carrero custa R$ 14,00 (cadeiras laterais), R$ 16,00 (cadeiras centrais), R$ 20,00 (cadeiras "preferenciais") e R$ 100,00 (camarote para quatro pessoas).

Um casal com dois filhos, na pior das hipóteses, deixará no circo R$ 42,00. Isto se conseguir resistir ao assédio dos palhaços que oferecem bugingangas por R$ 5,00 e ainda dão aulas de safadeza às crianças ("chora que papai compra"). E se os filhos quiserem tirar foto ao lado do camelo ou do elefante, xiii... prepare-se para desgrudar-se de mais R$ 10,00, se ainda tiver, é claro.

Ah, e tem mais. Uns oportunistas se aproveitaram da presença do circo para ganhar uns trocados extras. Nada demais, não fosse o método. Simplesmente, algum salafrário achou que tem o direito de privatizar a ciclovia da Avenida Princesa Isabel, que durante as sessões do Beto Carrero vira estacionamento improvisado. Pelo uso indevido do espaço público, com risco para ciclistas e pedestres, cobra-se R$ 3,00 por carro estacionado.

E o apresentador do espetáculo ainda tem a coragem de chamar o público de respeitável. Mais correto seria chamar "explorável".

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