18 junho 2007

Vergonha, a maior das instituições nacionais!

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Indubitavelmente, a vergonha é a única e a maior ‘instituição’ que resta a nós nacionais. É esse sentimento que nos leva ainda à indignação diante de tantos e tantos escândalos que se sucedem por este Brasil afora, de cima a baixo, no tecido social. Chegará o dia que de tanto ver triunfar a indignidade, nem a vergonha nos restará.

Quando o nosso presidente, munido da sua autoridade moral, repreende os brasileiros por falarem mal do seu país, fico a me questionar sobre qual país o presidente estaria se referindo. Se ao país que tanto amamos e nos ufanamos, ou ao país que eles, os nossos governantes, arquitetam em proveito próprio. Do país do qual falamos mal, é a corruptela do país que todos nós sonhamos e desejamos.

Finge-se, tal qual em uma “ópera bufa”, que nunca neste país se puniu tanto os corruptos. Fazem um mis en cène diante dos olhos do povo em uma encenação canhestra de justiça, que por ser cega na sua visão de eqüidade, está se tornando também surda aos reclamos do povo.

Como se pode classificar o processo de investigação sobre o envolvimento do presidente do Senado, Renan Calheiros? Diante das evidências denunciadas pela imprensa, o processo de investigação foi aberto no conselho de ética do Senado. Para cumprir as regras que regulam o funcionamento daquela Casa, o governo correu para socorrer um dos seus e mobilizou, vergonhosamente, todo o seu poderio político e como rolo-compressor, nomeou o “carcamano senador” Epitácio Cafeteira relator do processo.

Em tempo recorde, sem fazer nenhuma investigação ou ouvir testemunhas possíveis, Cafeteira apresentou o seu relatório, que mais pareceu uma peça de defesa do acusado Renan Calheiros. As voltas com o indiciamento do seu irmão Vavá e de um compadre, pelo inquérito feito pela Polícia Federal na operação navalha, o presidente Lula, que teme ele próprio ter o seu nome envolvido no escândalo, correu para socorrer o fiel aliado Renan Calheiros, que vem a ser o Presidente do Senado, ao qual caberia julgar um pedido de investigação contra o Presidente da República.

Lula dessa vez “arregalou os olhos” e buscou com antecedência tomar a dianteira dos acontecimentos, resguardando-se de possíveis dissabores futuros. Daí a poder se devolver ao presidente a bronca que deu nos brasileiros, também munidos da autoridade de cidadãos deste país:

- Presidente, se o Senhor não quer que falemos mal, não do Brasil, mas das coisas erradas que aqui acontecem, dê o exemplo maior de dignidade e postura que nós e o cargo que ocupa exige do seu mais alto signatário.

Gerson Menezes é publicitário

Nenhum comentário: