29 janeiro 2008

Jogo dos nove erros

Daniel Thame

Imagine um candidato que participa de um concurso público e erre nove das vinte questões de conhecimentos gerais. Seria reprovado, na certa, sem apelação.

Agora, imagine uma empresa que organiza um concurso público, envolvendo milhares de candidatos, e que na prova de conhecimentos gerais erra nas respostas de nove das vinte questões aplicadas.

Pois foi exatamente o que ocorreu com a Fauf, a empresa responsável pela organização do concurso público para a contratação de servidores da Prefeitura de Itabuna.

No gabarito que os candidatos receberam, as respostas apontadas como certas estavam erradas. Há casos que merecem entrar para o anedotário, como afirmar que Adonias Filho, grapiúna da gema, não nasceu no Sul da Bahia.

Embora até as pedras do rio Cachoeira saibam que o poema “Rio Definitivo”, do livro Vinte Poemas do Rio, é uma homenagem ao rio que praticamente deu origem a Itabuna, para a Fauf trata-se de um tributo ao Rio de Contas.

Os equívocos são regionais e mundiais. A Oceania torna-se a região com o maior número de muçulmanos do mundo, desbancando a Ásia com seus bilhões de fiéis a Alá; o “efeito estufa” vira “efeito colateral” e conceito de desenvolvimento sustentável é totalmente desvirtuado. Até o Prêmio Nobel, tem sede na Suécia desde que o mundo é mundo, vai parar nos Estados Unidos. Certamente um efeito colateral do efeito estufa.

Na melhor das hipóteses, houve negligência de quem elaborou as provas e nem se preocupou em conferir se as respostas que constavam no gabarito estavam corretas. Uma ou duas questões erradas estão dentro do limite do aceitável, afinal de contas errar é humano. Mas nove questões erradas são de um exagero mastodôntico (atenção: o termo mastondôtico vem de mastodonte, um gigantesco mamute pré-histórico, parente distantes dos elefantes atuais).

Na pior das hipóteses, o que houve foi ignorância mesmo, o que joga por terra a credibilidade da instituição que realizou o tal concurso público. O que esperar de alguém que não se dá ao trabalho de conhecer a história regional a ponto de errar a nata de nascimento de um escritor de renome nacional e de trocar os nomes de rios separados por quase 100 quilômetros de distância e igualmente cantados em prosa e verso?

Ou que confunde fatos recentes, desconhece questões que estão na ordem do dia, como o aquecimento global e o desenvolvimento social? Este, por sinal, busca justamente conciliar a conservação ambiental e a atividade econômica, como deveria saber qualquer aluno do ensino fundamental, quiçá alguém capacitado (?) a elaborar provas que decidirão o futuro de cerca de 1.500 incautos, perdão, candidatos.

Negligência, desconhecimento ou as duas coisas juntas. O fato é que a Fauf deve uma satisfação não apenas aos candidatos que prestaram o concurso, mas também a toda a sociedade, visto que a Prefeitura de Itabuna é, por sua grandeza e importância, uma das mais importantes instituições da cidade, com influência direta sobre a vida da população.

Retificar o resultado nas provas, como foi feito de afogadilho a ponto de se cometer um erro gritante de concordância verbal (“fica alterado as alternativas das questões”, quando o correto é “ficam alteradas as alternativas) é muito pouco diante do tamanho do erro cometido.

A menos que esse Jogo dos nove erros inclua acertos em outras questões que não são de conhecimentos gerais.

Opinião, Diário do Sul

2 comentários:

Anônimo disse...

Quem elaborou essa prova não se deu o trabalho de fazer umas pesquisas no Google antes de construir o gabarito.

Anônimo disse...

Pow! kraio!

Eu ja tava fazemdo uns prano aki, dipois q fis a prova pa paçar dirreto, eu tinha u tau du gambaritu q ando pela prefetura, u meu chefi/pai CUMA q del. pençei q ia dar pa fica ate u finau du anu, mas deçe geitu ja vi q descubriran ben antis di paçar u guvernu pa otru.
nau vai dar neim pa dar uns creus nais negas aq du centru firminu auvis. voter qui mi iscomde aqi lomgi mesmu Imlheuzu.