29 abril 2007

"A hora e a vez da Mata Atlântica"

Eduardo Nunomura, Ilhéus

"Um trecho de A Carta, de Pero Vaz Caminha, deveria ser reescrito assim: “Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão pastos, plantações de eucalipto e viveiros de camarão - terra que nos parecia muito explorada...”

Eis a mata atlântica do século 21, a terra “graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”, como previu o português. Nos últimos cinco séculos, a floresta tropical se tornou uma das mais ameaçadas. Os grandes arvoredos sobre a terra ainda existem, porém estão em planícies esparsas.

Está em curso uma derradeira e talvez a mais realista tentativa de conter a exploração predatória. É o projeto Corredor Central da Mata Atlântica. Abrange terras de 12,3 milhões de hectares, incluindo a vista privilegiada que Pero Vaz Caminha teve. Estende-se por mais de 1.200 quilômetros no sul da Bahia e todo o Espírito Santo. Já consumiu dez anos desde o lançamento e começa neste ano a segunda fase, mas o que se viu até agora é que a destruição das matas não parou.

O desmatamento de um campo de futebol a cada 40 minutos pressionou uma mata atlântica já raleada, porém de alta diversidade. Dois estudos citados por ambientalistas exemplificam a tese. Em duas áreas, Uruçuca (BA) e Santa Lúcia (ES), um único hectare concentra mais de 440 espécies de árvores diferentes. Tal ambiente serve como berçário natural para diversos animais e vegetais."

Estadão, hoje (para ler a reportagem, na íntegra, clique no link ao lado)

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