06 abril 2008

Cacau asfixiado

EDITORIAL DO JORNAL A TARDE:

"No cenário de um horizonte próximo, tardam sinais de bonança para a economia cacaueira. É certo que o cacau, outrora responsável por exportações anuais de R$ 1 bilhão, perdeu peso político, mas o governo federal exagera na demora de um plano que alivie a asfixia de sete mil produtores de médio e grande portes.

Após seis anos de medidas equivocadas que agravaram a asfixia dos endividados, veio o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que leva investimentos ao País inteiro, mas aqui na Bahia reluta até agora em abrir o seu guarda-chuva sobre a região cacaueira. O PAC do cacau é protelado desde setembro de 2007, os prazos vencem e deixam um vácuo.

Diante de tanta demora, os produtores endividados e insolventes se movimentaram na tentativa de afrouxar o laço. Seus sindicatos fizeram contraproposta ao governo para repactuação das dívidas, desde que ele lhes conceda, como a outros setores agrícolas, o saneamento de ativos. O plano de securitização do governo é aceito, mas respaldado em condições especiais.

Tais condições se justificam em razão do fracasso dos programas iniciais de combate à vassoura-de-bruxa e da clonagem. Também se impõem em face da longa série de dúvidas e protelações com que o governo engrossa o vendaval de incertezas, nesses seis anos em que promete apoio e nega mão firme. O governo Lula ainda não foi capaz de oferecer e adotar qualquer medida concreta que expurgue, ou ao menos alivie o desespero da economia cacaueira. No leilão efetuado há dias pelo Tribunal Regional do Trabalho, em Itabuna, constavam duas fazendas de cacau.

O cacau não pede benesses. Apenas um rebate na dívida, por conta do volume resultante do acúmulo de juros sobre juros.

Apenas uma taxa para renegociação das dívidas e um prazo de carência necessário à decolagem do processo de liquidação, além de prazo para a reestruturação do pagamento por meio de novos contratos. Um pleito normal, sem exageros. A lavoura merece injeção de recursos no momento em que se expande a demanda de cacau.

A União insiste em se mostrar insensível a esses fatos e pretende impor regras moral e materialmente injustas, como disse o especialista Thomas Hartmann a este jornal.

As soluções propostas pelo governo da Bahia lhe parecem mais sensatas e exeqüíveis, mas seu acatamento requer energia da bancada no Congresso".

Um comentário:

Anônimo disse...

Pimenta:

O principal Jornal do nosso Estado publica um Editorial tratando dos problemas da cacauicultura.
Você publica este Editorial no seu site e ninguém faz sequer um comentário sôbre ele.
Como podemos analisar este fato:
1. Desesperança;
2. O cacau já não é tão importante;
3. Falta de confiança nos nossos dirigentes;
4. O pessoal do cacau, não lê o Pimenta.
Fica aquí a provocação.

Carlos Mascarenhas