O circo da vida. E da morte!
Daniel Thame
Do Observatório da Imprensa
Para a polícia de São Paulo, não restam dúvidas: Isabella Nardoni, de cinco anos, foi assassinada, numa ação conjunta que envolveu o seu pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá.
Chega ao fim, pelo menos em sua fase de investigações, um drama que, durante quase três semanas, chocou o país e transformou a morte de uma menina frágil e doce numa espécie de circo de horrores, cenário que envolveu policiais dispostos a tudo por um brilhareco, promotores públicos ávidos pelos holofotes e a indispensável colaboração de uma grande parcela da mídia que busca a audiência a qualquer preço.
A investigação aponta (embora ainda haja contestação por parte dos advogados de defesa e negativas veementes por parte dos dois acusados) que Anna Carolina teria agredido Isabella a ponto de deixá-la desacordada e que Alexandre, imaginando que a filha já estava morta, resolveu simular um assalto, fazendo um buraco na grade de proteção da janela e jogando a menina do 6º andar do prédio em que morava.
Anna, num surto de raiva, teria agredido a menina sem intenção de matá-la e Alexandre, para proteger a mulher, se tornou cúmplice (ou assassino, a depender do laudo que confirmará se Isabella foi morta durante a agressão ou por causa da queda) de um crime bárbaro e injustificável, que merece punição rigorosa.
Acidental ou não, a morte de Isabella Nardoni é mais um exemplo da brutalidade animalesca que vitima crianças inocentes e indefesas.
Sociedade big brother
Confirmada a culpa, Anna Carolina e Alexandre devem ser condenados e pagar pelo crime que cometeram. Condenados, na verdade, eles já estão desde o dia do crime, quando eram considerados apenas suspeitos.
O circo armado pela imprensa em torno do caso Isabella revelou um tipo de sensacionalismo barato, digno dos pasquins de quinta categoria, desses para quem ética, isenção, imparcialidade e respeito não passam de abstrações. Ou aberrações.
Em momento algum foi concedido o benefício da dúvida a Alexandre e a Anna Carolina. Mesmo após a concessão de um habeas corpus, eles continuaram prisioneiros dos microfones, das câmeras e das máquinas fotográficas, numa marcação cerrada que se estendeu aos amigos e familiares.
O caso foi/está sendo explorado à exaustão pelos jornais e emissoras de rádio e televisão. De programas popularescos e apelativos a telejornais tidos como respeitáveis, ninguém ficou imune ao picadeiro.
Não é de todo absurdo imaginar que há uma torcida velada para que o resultado final das investigações seja prorrogado ao máximo. Afinal, vende-se jornal como nunca e a audiência vai às alturas cada vez que a imagem de Isabella e o infortúnio do pai e da madrasta, o sofrimento da mãe, a tristeza dos coleguinhas de escola e a indignação das pessoas comuns são mostradas continuadamente.
Quando mais a tragédia render, melhor. Para os abutres, obviamente.
Nestes tristes tempos de sociedade big brother, a vida virou um espetáculo.
E, infelizmente, a morte também.
5 comentários:
Caro Amigo Daniel Thame;
Eu não sei dizer se concordo ou não com o "circo" montado pela mídia em torno do caso Isabela. Se por um lado, pessoalmente não goste do sensacionalismo barato que muitas vezes, parte da mídia, utiliza para vender jornais, revistas e crescer pontos no ibope, por outro lado, exemplos recentes demonstraram, que se não fosse o "sensacionalismo" da imprensa, crimes hediondos teriam caído no esquecimento da polícia e da justiça.
Infelismente, esse é o nosso país. Aqui, talvez mais que em outro lugar qualquer, o espetáculo é a fonte de toda inspiração, maior até mesmo que o enrêdo originário.
Que o diga o nosso ilustre presidente, que para tanto, adotou o nome artístico de "Lula ", para ficar mais ao gosto do "distinto público".
Gerson Menezes
Gerson Menezes ainda vai estourar a hemorróida com esta raiva do PT.
E você faltou colocar o resto do seu sobrenome. Publicitário.
O sensacionalismo existe, é verdade. Mas o papel da imprensa é muito importante para não haver impunidade e mostrar que o Brasil precisa de Leis mais rigorosas para proteção às nossas crianças. A impunidade não pode ocorrer jamais!
Esses dois tem mesmo é que sofrer de todos os lados!
Gerson, zelão, ou seja lá o que fôr, vai pirar o cabeção nessa eleição com essa raiva herdada do seu cliente.
Não pode ser assim, concordar com o excelente texto do Edvaldo, e ao mesmo tempo tentar vincula-lo ao absurdo do que o PIG brasileiro vem fazendo com o governo de um trabalhador, que, desde o "milagre brasileiro" - aquele da época em que o Gerson, ou o Camiseiro torcia por Garrastazu, ops pelo Flamengo -, não pode ser descente!!!
Menos Gerson, menos. O texto do Edvaldo Daniel Thame, está corretíssimo, irreparavel.
Por que indiciar, julgar e condenar, sem sequer ouvir os contraditórios? Por mais absurdos que possam pareçer.
Observe se isso não te lembra o tempo do Camiseiro?
Menos meu amigo. Me tenha como seu amigo, tanto quanto vc tem o Menino Maluquinho como seu.
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