10 abril 2007

Cem anos de história podem se perder

Gérson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Por mais incrível que possa parecer, nestas terras onde o mais comum é a morte precoce das instituições, por inanição de idéias e por vaidades muitas, uma está prestes a completar “Cem Anos”. A ACI (Associação Comercial de Itabuna), no próximo ano, deverá comemorar o centenário de suas atividades.

Mergulhada em uma crise financeira, com um passivo que beira os cem mil reais, a combativa associação dos empresários do comércio, o que vem a ser bem pior que a crise financeira, vem perdendo representatividade. A atual diretoria, presidida pelo publicitário Sílvio Roberto, que se reeleito for, corre o risco de, além de não ter o que comemorar no centenário, ver decretada a insolvência e até a desfiliação dos quadros da Federação das Associações Comerciais da Bahia.

A bem da verdade, e é bom que se diga, a situação em que se encontra a ACI não pode ser atribuída unicamente à atual diretoria. É a somatória de muitos erros cometidos ao longo de várias diretorias passadas, que vêm se avolumando como bola de neve descendo a encosta e, hoje, ameaça esmagar e soterrar a história de lutas construída ao longo desse um século.

Fundada como UCI – União Comercial de Itabuna, antes mesmo da criação do Município de Itabuna, a entidade foi palco e liderou as mais importantes lutas pelo desenvolvimento do município. Poucos sabem que foi a ACI quem comandou a luta pela instalação da agência do Banco do Brasil entre nós. E, só para ter uma idéia da magnitude desta luta, que para chegar a bom termo, fez com que uma comissão de itabunenses se deslocasse para o Rio de Janeiro, então a capital federal e, lá, cobrasse com veemência do Congresso Nacional, o atendimento do pleito de instalação.

A agência de Itabuna recebeu o número 70, no cronograma de instalação de agências do Banco do Brasil a época, sendo a primeira no interior da Bahia. Da sua fundação até os dias de hoje, belíssimas páginas de coragem, destemor e independência política, foram escritas em prol do desenvolvimento não só de Itabuna mais de toda a região.

Mas eis que, as vésperas de comemorar cem anos, por uma dessas “genialidades” que só sob a ótica da mediocridade histórica se consegue explicar, a ACI mudou de nome e passou a se chamar “Associação Comercial e Empresarial de Itabuna” (ao meu ver, criando um neologismo ao querer distinguir comerciante de empresários, se a moderna expressão de “empresário do comércio” já não bastasse) e jogou fora a sua logomarca centenária e, pasmem, sob o pretexto da evolução da imagem institucional.

Algo precisa ser feito urgentemente para resgatar a ACI, para que não venhamos a celebrar o “réquiem” da nossa única instituição que até os dias de hoje sobreviveu à nossa capacidade ou incapacidade em destruir tudo o que construímos. Mesmos que alguns afirmem que a história é um “velho retrato desbotado pendurado na parede da sala”, me nego a aceitar tal conceito ou preconceito, pelos exemplos dados pelas mais evoluídas sociedades ao cultivarem a sua história, dela se orgulharem e nela buscarem permanentemente as bases para a construção do futuro.

Gerson Menezes é publicitário

6 comentários:

Anônimo disse...

Dívida de 100 milhões??? Eu li direito???

Anônimo disse...

Nem todo empresário é comerciante, é bom ressaltar. Ademais, o que o articulista quis dizer, a partir do seu entendimento, é que Associação Comercial e Empresarial seria redundante e não que a ACI teria criado um neologismo.

Anônimo disse...

Cabra corajoso esse Gérson, viu?

Anônimo disse...

Realmente, a crise existe desde muito antes da atual gestão, mais será que Gerson Menezes seria a pessoa mais competente para falar em administrações? Como está a Publix Propagada no cenário regional? Qual seria a proposta para a salvação da ACI? Fácil é falar, difícil é fazer e aceitar desafios. Eu acho que o macaco devia olhar pro rabo. Será que a Publix Propaganda é associada? Será que se ela for associada ela está em dia com as suas mensalidades?

Anônimo disse...

Que agressão gratuita!

O nobre articulista está corretíssimo.

Mantenha-se em sua trajetória, GM.

Anônimo disse...

não achei a agressão gratuita. que o senhor GM, que é maior e vacinado, venha a esta arena se defender!