Mea culpa!
Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com
No artigo que foi publicado aqui, ontem, sob o título “Enfim, nasce a elaboração do pensamento positivo”, no qual falava de que, a meu ver, dentre todos os elementos que mais nos afligia dentro das cíclicas crises em que a nossa região vive mergulhada (e não é só de agora) - a crise de idéias construtivas é o componente mais grave.
Ao assim me expressar, não faço nenhuma crítica, mesmo velada, a quem quer que seja. Ao defender este pensamento, o faço no sentido de uma crítica coletiva à comunidade regional, na qual me incluo. Refiro-me a um vício cultural herdado da opulência da economia cacaueira, que não demandava planejamento, o que gerou em nós um certo comodismo do pensamento.
Dos meus três únicos leitores habituais, recebi o apoio, talvez porque eles já conheçam o meu pensamento. Recebi também e-mails que continham adjetivos nada lisonjeiros à minha pessoa e até mesmo ao pensamento. É até impensável, como algumas pessoas, talvez traídas pela própria consciência, colocam sobre a cabeça a carapuça da culpa.
A cada dia mais, entendo a sabedoria das palavras da minha avó ao dizer: - Por mais severo que seja um magistrado na aplicação da lei, nem de longe pode se comparar à severidade com que somos julgados pela nossa própria consciência.
Somos sim um povo desassociado do pensamento construtivo. Isso se reflete em todos os setores da nossa sociedade, até mesmo dentro da UESC, a quem caberia alicerçar e erguer a construção de uma nova e moderna forma de pensamento coletivo regional. Nem ao menos aqui em Itabuna, possuímos informações compiladas em bancos de dados, que nos permitam conhecer as nossas realidades.
Qual o nosso verdadeiro perfil econômico? Quantos somos pela estruturação das classes economicamente ativas? Qual o verdadeiro potencial do nosso comércio e serviços? Quais são os nossos clientes? Qual a verdadeira área de influência que exercemos no contexto regional? Quantas empresas ao se instalarem conhecem antecipadamente o potencial do seu negócio, aferido através de pesquisa de mercado? Quantas, dentre as que sobrevivem ao três primeiros anos, conhece o verdadeiro perfil do seu público?
Estas e outras inquirições me levam a recordar uma história, que não sei se verdadeira, contada acerca de um grande empreendimento comercial que iria ser construído em Itabuna. Contam que o nosso empresário buscou atrair uma grande empresa do sul do país, que seria a sua principal parceira no negócio. Para que se viabilizasse, um executivo do tal parceiro foi escalado para fazer uma visita “in loco”.
Sobrevoando a cidade, pediu que o piloto fizesse um novo sobrevôo... E mais outro! Foi quando o executivo pediu que retornassem a Salvador, para espanto do nosso empresário, que quis saber o motivo. O executivo então, mesmo constrangido disse: Infelizmente, a sua cidade não teria como remunerar o nosso negócio. Foi mais explícito ao afirmar:
- Uma cidade em que noventa por cento das edificações são cobertas de telhas, os seus habitantes não devem possuir uma renda per capita que seja suficiente para que venham a ser nossos clientes.
Fica aqui a minha tentativa de tentar explicar o meu pensamento a respeito do tema, pedindo, tão somente, que não me julguem com tanta severidade. Eu já fiz a minha mea culpa, e não me eximo das responsabilidades que me cabem.
Gerson Menezes é publicitário
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