13 abril 2007

Onde uns enxergam crise, outros vêem oportunidade!

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Frase constante em todo e qualquer manual de auto-ajuda, começa a ser usada cinicamente para negar os fatos. Ao ser convocado para esclarecimentos no Congresso sobre a crise no setor aéreo, o Ministro da Defesa, Waldir Pires, negou que exista crise no setor.

Pensando bem, acho que o ministro do governo do marketing está... “Absolutamente certo!” – como dizia o apresentador de televisão J. Silvestre, no seu programa “O céu é o limite”.

– Crise, qual crise?

Só se for para os perdulários usuários da classe média que dormem jogados ao relento nos sagüões dos aeroportos brasileiros, se descabelam e choram diante das câmaras de televisão por terem perdido a hora dos compromissos assumidos; para os controladores “irresponsáveis” que ousam apontar falhas no sistema que podem causar tragédias; ou para as 154 vítimas do acidente com o Boeing da Gol que perderam a vida estupidamente e suas famílias que imploram por uma resposta que lhes minimize a dor e, para a mídia sensacionalista buguesa, é que a tal crise existe.

Muito embora nas palavras do Ministro Waldir Pires, possa se ver o descalabro e a incompetência de um governo, nota-se no semblante de homem sério que Waldir Pires ainda conserva, algo ainda mais aterrador: a confissão de um crime. O crime da incúria administrativa de um governo e a negativa da autoria para fugir à responsabilidade, atribuindo-a ao mordomo, que nesse caso são os controladores de vôo.

Este governo descobriu, e usa sem parcimônia alguma, a arte ou artimanha de transferir responsabilidades, sempre que é pego em flagrante delito. Descobriu depois de escapar ileso de todas as denúncias que o apontavam como principal mentor, beneficiário e receptor político de todas as falcatruas denunciadas e apuradas nos escândalos das CPIs.

O presidente Lula, apresentador âncora desse “talk show” da vida pública em que se transformou o Brasil, entra em cena e tudo é tirado de letra. Por uma cesta básica distribuída mensalmente à entrada do auditório, sabe-se que o público que dá pontos positivos no ibope estará garantido.

Com uma maioria congressual conquistada a peso de ouro, com uma justiça dependente de benesses e partidarizada, com uma mídia ridicularizada e desacreditada pela incredulidade do povo brasileiro que prefere só acreditar no que vê a sua vã filosofia, fica fácil se fazer crédulo.

Até os poucos que, na oposição ao governo, enxergam a possibilidade de denunciarem e de fazerem justiça, vacilam diante do temor de serem vistos na condição de invejosos e, por isso, serem punidos pelo povo nas urnas. É ai, então, diante de qualquer crise que se instale, que o governo de pronto vislumbra a possibilidade de se fazer vítima e “ganhar” a admiração do povo.

Gerson Menezes é publicitário

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