05 abril 2007

Quem tem.... tem medo!

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

A jovem e tímida democracia brasileira parece que ainda teme os fantasmas insepultos da ditadura militar. Bastou um “sussurro” vindo das casernas para o governo dos ex-perseguidos líderes sindicais tremer nas botas, dar meia-volta e se desdizer dos seus arroubos sindicalista de esquerda.

Para um presidente, que no atual regime é o chefe-supremo das Forças Armadas, não foi só o reconhecimento de um erro constitucional que levou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dar contra-ordem nas suas próprias decisões de não punir e de desmilitarizar o setor de controle aéreo do país. Foi, e assim todos estão analisando, um tremor profundo, causado pelo medo de um passado recente. O episódio lembrou a ida do falecido presidente João Gulart ao clube dos sargentos, que foi um dos acontecimentos desencadeadores da “gloriosa de 64”.

Na fase mais aguda da crise do “apagão aéreo”, foi montado até um gabinete de crise pelo governo na ausência do presidente que estava em viagem aos Estados Unidos e era informado a cada passo das negociações, incumbido de negociar com os sargentos controladores de vôo, sublevados no Cindacta I, em Brasília. Os Ministros Dilma Roussef e Paulo Bernardo foram autorizados a, em nome do governo, apaziguar os ânimos dos revoltosos, garantindo a eles o atendimento das suas reivindicações, que o próprio Ministro da Justiça, Tarso Genro, disse serem das mais justas. No imbróglio governamental, o Ministro da Defesa, Waldir Pires, e o comandante da Aeronáutica foram desautorizados e suas cabeças entregues na bandeja aos revoltosos.

Treinado nas lides sindicais, o presidente Lula talvez tenha se esquecido que agora a sua palavra é a determinação do Presidente da República do Brasil, e que ela tem que estar em consonância com o que reza a Constituição Federal, que jurou defender. Mal assessorado, e impetuoso, Lula mandou passar por cima das questões legais e resolver, em “caráter personalístico”, a crise dos aeroportos que havia prometido ter dia e hora para terminar. Os militares não engoliram a pílula amarga da insubordinação nos quartéis e rosnaram rouco e ameaçadores, como um leão velho, desdentado e sem garras. Foi o bastante para que os ex-perseguidos do regime militar tremessem diante do hoje espectro da outrora figura imponente do leão.

Restou, de tudo, a prova inconteste da incompetência desse governo e da fragilidade dos seus conceitos, ditos socialistas de esquerda. Fica valendo mais ainda o velho conceito popular "Quem tem, tem medo!". E, pelo sim e pelo não, o mais prudente é tirar o “seu” da reta.

Gerson Menezes é publicitário

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