15 abril 2007

Tudo por amor!

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

É verdadeiramente incrível o poder da palavra “amor”. Acho que, de tanto uso, caiu em domínio público e se prostituiu na verdadeira expressão da palavra. Por amor se faz quase tudo. Até mesmo “se faz... Amor”.

Vejam o exemplo da política. Todos dizem que “amam o povo” e por ele fazem qualquer sacrifício (até mesmo morar em Brasília). Mas, quando estão lá se sacrificando na representação popular do mandato de deputado federal ou senador, sendo humanos, não esquecem de aumentar os próprios salários e abocanhar outras vantagens mais, esquecem da revisão dos valores aviltados das aposentadorias, se perdem em alongadas discussões para concederem o mínimo do mínimo dos aumentos ao salário dos trabalhadores.

Também deve ser por amor, que muitos destes senhores beneméritos compram ou mandam roubar arte sacra das igrejas, para enriquecer as suas coleções particulares. Deve ser pelo tal “amor à arte”. Pelo “dito amor”, mesmo afirmando que as Prefeituras e os Estados estão falidos e que os recursos mal dão para pagar a folha de funcionários, mas, a cada eleição, milhares desses abnegados amantes Brasil a fora, estão prontos a se sacrificarem – pelo mais elevado amor ao povo, deve ser?

O amor saltou dos versos poéticos e passou a freqüentar as páginas policiais. Por amor, rouba-se, mata e estrupa. Esse indefectível sentimento humano, que de tão humano se expandiu além do seu verdadeiro sentido etimológico, vai bem mais longe. Já não dá para separá-lo das coisas mais materiais e palpáveis. Lógico é também se supor que toda regra tem exceção.

Acredito, que por ser um sentimento dos mais elevados, que só por modismo venha sendo usado a ermo, possa um dia, livre dos modismos, voltar a sua mais pura essência. Aí veríamos então com deleite desaparecerem as “comissões de vinte por cento” cobradas sobre as obras públicas pelos nossos “honestos” amantes do povo. A justiça tirar a venda que lhe encobre os olhos e passar a “enxergar” e condenar os grandes corruptos. Se esse dia chegar, veremos, em nome do amor, milhões de brasileiros deixarem a linha da miséria absoluta e, quem sabe, até ascender à categoria da “pobreza relativa”. Poderíamos então nos ufanar ao cantar a estrofe do hino nacional...

“... Ó Pátria Amada...!”

Gerson Menezes é publicitário

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