Gaspareto analisa a campanha presidencial
Balanço das duas primeiras semanas
de campanha do Segundo Turno
No Segundo Turno Lula amplia expressivamente a diferença, conquistando mais intenções de voto do que o somatório de votos obtidos por Heloísa Helena e Cristovam Buarque juntos e Alckmin podendo ter menos votos no Segundo Turno do que obteve no Primeiro. Fazendo um breve balanço das campanhas, Lula conseguiu colocar Alckmin na defensiva, apostando basicamente na comparação com os dois governos de Fernando Henrique Cardoso.
Como já se afirmou em notas anteriores, o passado conspira contra as pretensões de Alckmin. Nesse olhar para o passado, dois elementos se afirmam como âncoras da estratégia Lula: o primeiro, o programa Bolsa Família e o aumento real do poder de compra do Salário Mínimo, que empatizou as classes mais pobres. O segundo, a questão da privatização, que se constitui numa “batata quente” nas mãos de Alckmin, que enquanto nega para o futuro os reflexos do passado parecem colocar em dúvida o discurso concernente ao futuro.
Com essa temática, Lula empatizou com parcelas das classes médias e, no plano estadual, pode ter dado a Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, um argumento com grande potencial, já que nesse Estado, a questão da privatização e suas implicações é uma cicatriz aberta, um braseiro vivo coberto por cinzas. Se Lula colocou seu oponente na defensiva nessas duas questões, Alckmin vem tentando colocar seu oponente na defensiva recorrendo à questão do dossiê, não tanto esse em si mesmo mas focalizando a origem do dinheiro da tentativa de sua compra.
Essa questão, salvo fato novo relevante, pode estar dando sinais de fadiga, podendo perder capacidade de impactar, não parecendo ter forças para desestabilizar o quadro eleitoral, como já foi referido no início do Segundo Turno e desse blog, tende fortemente à estabilidade. Nessa abordagem, no debate da Band, ao recorrer a uma postura agressiva, Alckmin pode ter passado uma imagem negativa, desconstruindo seu perfil de equilíbrio e de serenidade. Ressalte-se que o eleitor brasileiro não parece empatizar com posturas agressivas, passada pelo debate, nem posturas ressentidas ou rancorosas, como as de Heloísa Helena, por exemplo.
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