23 outubro 2006

Um rádio cinqüentão e sem Germano da Silva

Luiz Conceição*

Não fosse a citação do multimídia Ramiro Aquino em sua coluna de jornal, a cultural falta de memória nos deixaria sem festejar o cinqüentenário da radiodifusão de Itabuna. Nascida em 20 de outubro de 1950, com a inauguração da extinta Rádio Clube de Itabuna que foi sucedida na freqüência 870 Khz pela atual Rádio Nacional de Itabuna, a nossa radiodifusão teve momentos memoráveis lembrados no livro DE TABOCAS A ITABUNA - 100 ANOS DE IMPRENSA do mesmo radialista e jornalista, dentre outros atributos midiáticos.

A obra preenche um vazio deixado de um lado pela inexistência de um local que nos preserve aquilo que fizemos enquanto sociedade, desde que este pedaço de chão passou à categoria de cidade. Aliás, o primeiro centenário se avizinha e é quase nenhum os esforços para preparar a comemoração da data que encheria de orgulho outros povos que não fóssemos nós, fadados ao alheamento, ao esquecimento, à fraqueza da memória e à ação do tempo que tudo apaga. Mas o livro é realmente o que nos resta da história do nosso rádio e dos talentos inigualáveis que o fizeram no decorrer de cinco décadas.

A tristeza que dá é que exatamente um dia após o 20 de outubro sejamos todos avisados do falecimento do radialista e advogado Germano Lopes da Silva, um dos lendários profissionais que, apesar dos humanos defeitos, deixa um legado de dedicação e vitória pelo programa Calouros do Germano. Também vitória porque, apesar da avançada idade, cursou Direito na Uesc, onde se especializou em Processo Civil e serviço prestou a alguns de seus ouvintes de rádio e a pessoas de quem só conheceu o sofrimento quer pelo erro social, quer pela heróica ação de advogado.

O que seria um regozijo pelo cinqüentenário de nossa radiodifusão grapiúna, que ainda exporta talentos para outras emissoras do Estado e do País, é uma homenagem a Dr. Germano, como passou a gostar de ser chamado, depois de bacharelado em Direito e advogado no fórum. Para nós que acompanhamos às vezes de perto, às vezes longe, sua trajetória fica a saudade do operador do Direito e de Maninho, o radialista. Que seu exemplo de desbravador do rádio fraterno nos tempos difíceis seja imitado pelos que no rádio atual dão seqüência à radiofonia cinqüentenária. Com mais respeito aos cidadãos e ouvintes e mais solidariedade.

(*) Repórter e bacharel em Direito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente artigo, Koff Anum!!!