30 outubro 2006

Os ganhadores, perdedores e o saldo de 2006

FERNANDO RODRIGUES*

Lula ganhou. OK. À quente, dá para dizer o seguinte:

Lula mais forte o petista tem hoje muito, mas muito mais apoio político do que teve em 2002. Há 4 anos, só 3 governadores davam suporte a Lula. Hoje, são 16. Em 2003, o petista tomou posse com menos de 200 deputados a seu favor. Hoje, conta com cerca de 300.

Geraldo Alckmin teve menos votos no segundo turno do que no primeiro. Não é um nome nacional do PSDB. Tentará ser prefeito de São Paulo em 2008. Suas chances de ser o presidenciável tucano em 2010 tendem a zero. Convenhamos: o maior feito operacional de Alckmin até hoje foi operar com métodos malufo-quercistas dentro do PSDB para ganhar a candidatura. Só isso.

Cristovam, Heloísa Helena et al bom, eles disputaram a eleição. E daí? Daí nada. Cristovam continua mandando pouco ou nada no PDT, partido que está louco para aderir a Lula. O PSOL virou uma espécie de PSTU com 3 deputados. E Heloísa Helena ficará sem mídia por algum tempo.

PT saiu mais forte, ao contrário do que diziam em penca os cientistas e analistas políticos. Tem 81 deputados e elegeu 83. Elegeu 5 governadores, um recorde para a sigla.

PSDB hegemônico no Sudeste, com São Paulo e Minas Gerais, a sigla é a mais forte para 2010, com dois candidatos já lançados: José Serra e Aécio Neves.

PMDB apostou no homem certo e vai arrancar muuuuuiiitos ministérios de Lula.

Mensaleiros estão quase todos aí de volta. Valdemar Costa Neto até montou um partido novo, o Partido da República. Argh...

PFL o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhaunsen, declarou que o Brasil ficaria livre do PT por uns 20 anos. Errou feio. O PFL fracassou feio. Elegeu um mísero governador, no inexpressivo Distrito Federal. Perdeu a Bahia (ACM derrotado e entrando em fase crepuscular na sigla). Perdeu no Maranhão (com Roseana Sarney). Afinal, o que é hoje o PFL?

PSB a sigla em ritmo de crescimento. Elegeu 3 governadores: Eduardo Campos (Pernambuco), Cid Gomes (Ceará) e Vilma Faria (Rio Grande do Norte). É o partido de centro-esquerda (ainda existe isso no Brasil?) que mais se deu bem na eleição –até porque não mais, há muito tempo, para dizer que o PT é de esquerda ou de centro-esquerda.

Democracia não queria ficar aqui naquele discurso batidão de “a democracia ganhou etc.”. Mas é verdade. O Brasil teve a sua 5ª eleição presidencial pelo voto direto de maneira consecutiva. Para um país mixuruco, não é pouca coisa. Chegamos tarde ao baile. Os Estados Unidos têm eleição há cada 4 anos há mais de 200 anos. O caminho é longo, chato. Mas não tem outro.

*Do blog do jornalista

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