17 abril 2007

“Hoje tem marmelada!”...

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Era assim que os palhaços (artistas verdadeiros) anunciavam pelas ruas de uma cidade do interior, a chegada do circo. Pois anotem: Dia 27, vai ter marmelada em Itabuna. Anotem, também, que não se trata de uma “marmelada qualquer”. Trata-se de uma “audiência pública”, para oficializar, segundo os interesses do prefeito Fernando Gomes, o início da privatização da Emasa. Uma marmelada de alguns milhões de reais.

Por mera obra do acaso, é também no dia 27 o lançamento do edital de licitação para habilitação das empresas interessadas em adquirir o controle acionário da Emasa - põe-se assim os “carros adiante dos bois”. Se já se lança o edital, para que então realizar a consulta pública? Por analogia, seria o mesmo que o ilusionista do circo abrir o espetáculo em vez dos palhaços.

A essa altura, dona Maria Alice, fogueteira-mor do atual governo municipal, já deve estar tomando todas as providências para que o circo se instale na cidade com todas a festa a que faz jus. Dentre as providências tomadas, estarão, sem sombra de dúvidas, a escolha criteriosa de um ambiente onde seja possível colocar duas centenas de pessoas; o “convite de adesão ao ato”, distribuído criteriosamente entre os comissionados e fornecedores especiais da prefeitura; e a mobilização de alunos da rede pública municipal de ensino, que serão confortavelmente transportados nos ônibus da empresa Nossa Senhora de Fátima que estão alugados à prefeitura para o transporte dos estudantes da zona rural.

E como não poderia faltar música, a fanfarra do Imeam substituirá a saudosa charanga de Moncorvo, que sempre animava os atos “cívicos” em que ACM estava presente; e, sem sombra de dúvida, providenciará a contratação de uma segurança reforçada para impedir a entrada dos “infiéis” que sejam contrários à execução deste “negócio salvador”.

Pronto! Armado o circo, é só abrir as bilheterias e aguardar que o “respeitável público” compareça e aplauda o espetáculo mambembe. A não ser que, de última hora, o Ministério Público, os Senhores Vereadores e a sociedade civil representada pelo GAC se mobilizem e venham a proibir a instalação do circo por “uso indevido da coisa pública”, por crime ambiental devido ao odor que exala e por maus tratos aos animais (no caso os milhares de famílias pobres que hoje gozam da isenção da tarifa de água e que passarão a pagar à empresa privada, ou ficarão condenados a não terem água).


Conveniente será que cada um prepare a sua melhor roupa para assistir à “grand estréia do circo” nessa nossa cidade de “Tabocas dos coronéis”, onde uns mandam e os outros, por terem juízo, obedecem.

Gerson Menezes é publicitário

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do seu comentário, continui assim.

Anônimo disse...

feliz comentário. O texto está muito bem elaborado.

Anônimo disse...

Seu Gérson, apesar de ainda não ter posição definida contra a privatização, posso dizer que o seu artigo está maravilhoso.