08 abril 2007

Os Intocáveis!

Gerson Menezes

publixcriativo@hotmail.com

Nos Estados Unidos, para combater a Máfia que havia se tornado uma organização criminosa da mais alta periculosidade, foi criada uma força-tarefa composta por policiais escolhidos a dedo, sob o comando do “incorruptível” Elliot Ness, com amplos poderes de investigar e prender os criminosos. Pela sua forma de atuar, passou a ser conhecida como “os intocáveis”. Pasmem! Nesse nosso Brasil, não são os mocinhos que são intocáveis. Aqui, os suspeitos a serem investigados é que são.

Pela primeira vez, o governo Lula parece conhecer os fatos. Ao declarar que uma CPI, proposta pelas oposições para investigar o setor aéreo, irá desmoralizar a Aeronáutica. Claramente, o presidente confessa saber da existência de fatos graves no setor aéreo nacional sob o comando da Aeronáutica. E daí? Se, é que existem e são tão graves a ponto do presidente temer a desmoralização de um dos setores das Forças Armadas do país, sob o seu comando, deveria então ser do presidente o maior interesse na apuração dos fatos. Ou não?


Quais serão as “forças ocultas” que fazem o presidente temer tanto em deixar o Congresso investigar um dos setores do governo? Seria por acaso um temor cívico de que algo venha a manchar a história da nossa briosa aeronáutica? Ou será parte de um “acórdão” para que o presidente pudesse governar sem os fantasmas das casernas?

O fato é que o governo, agindo desta maneira, colocando um setor do seu governo na condição de “intocável”, demonstra toda a sua fragilidade e assinala a outros setores, tão e qual importantes, que é permitido tudo, desde que tenha poder de ameaçar. Talvez seja esse poder, nada constitucional de “barganha” das nossas forças armadas, que faça a diferença entre Hugo Chávez, um ex-coronel golpista, e o nosso presidente Lula.


Agora, caso o Supremo Tribunal Federal determine à Mesa da Câmara a instalação da CPI do “apagão aéreo” e os deputados cumpram sem demagogia as suas funções constitucionais, é esperar e rezar, lembrando que o mês de agosto é considerado um mês das crises políticas brasileiras. Que passe a ser um mês de auto-afirmação da democracia, onde ninguém está acima da Constituição e das leis. Onde ninguém seja intocável.

Gerson Menezes é publicitário

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