12 abril 2007

Ratzinger, um santo?

Ricardo Ribeiro *

É impressionante o esforço que a Rede Globo faz para tornar o Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger) uma figura simpática aos brasileiros. A emissora investe uma grana preta na cobertura da visita do papa e, evidentemente, quer o retorno do desembolso. A estratégia inclui matérias diárias em todos os seus noticiários, quase sempre apresentando fiéis que não vêem a hora de receber o Sumo Pontífice.

Não é exagero entender que a Globo tenta criar uma aura de santidade em torno de Ratzinger, mas o fato é que ele continua aparecendo para a maioria do grande público, inclusive o católico, como uma pessoa sombria. Está a anos-luz de chegar a ter 10% da popularidade e do carisma de João Paulo II.

Karol Wojtyla pode ter sido quase tão conservador quanto Ratzinger, afinal de contas foi ele o braço católico do combate ao socialismo. Um aliado de gente como o ex-presidente americano Ronald Reagan e a primeira-ministra britânica Margareth Tatcher, a Dama de Ferro. No entanto, o polonês era dono de um discurso e uma expressão que cativaram o mundo.

Esse não é o caso de Joseph Ratzinger, que está encoberto por suas posições retrógradas. Aliás, posições não apenas manifestadas na condição de papa, mas em toda a sua trajetória no Vaticano. Durante 23 anos, o atual Bento XVI foi o guardião da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão que substituiu o Tribunal da Inquisição. Quem conhece um pouco a história da Idade Média se lembra dessa famigerada entidade católica e seu legado de julgamentos cruéis, com direito a réus incendiados em grandiosas fogueiras.

Em seu cargo anterior, Ratzinger teve como principal alvo a Teologia da Libertação, doutrina que procura vincular a Igreja Católica às causas sociais e à libertação do homem de toda sorte de exploração. Usou seu poder para excomungar líderes religiosos que tentaram espanar as teias de aranha da Igreja, entre eles o teólogo brasileiro Leonardo Boff.

Pelo que consta, o papa também possui ligação bastante próxima com a prelazia conhecida como Opus Dei, uma ordem ultraconservadora que chega a pregar a auto-flagelação como forma de purificação. Mais recentemente, classificou o divórcio como uma praga e reafirmou a posição do Vaticano contrária ao uso do preservativo.

É essa figura que a Globo tenta “vender” em seu noticiário como um santo homem. Haja mistificação e engodo! Mais recomendável seria ouvir o que pensa a respeito gente que bem conhece Joseph Ratizinger, como o já citado Leonardo Boff e Frei Betto. Aí sim o retrato do papa sairia mais fiel à realidade.

*Jornalista e bacharel em Direito

Um comentário:

Anônimo disse...

Herege. À fogueira santa, já!!!!!