31 maio 2007

Homenagem póstuma ao poder

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Nunca experimentei o poder. Por isso mesmo, tenho a curiosidade de saber o que faz alguém ao experimentá-lo nunca mais querer deixar. Creio eu que o poder deve exercer sobre as pessoas a mesma dependência que as demais drogas. Talvez não cause a dependência física. Porém, deve exercer total influência sobre o psicológico. Deve ser igual ou bem parecido com outras “coisas” que dizem que uma vez experimentadas são difícies de serem abandonadas. São aquelas que comentam por aí, e das quais dizem não existirem “ex”.

Deve ser realmente delicioso o poder. Deve causar uma inexplicável sensação de “quase divindade” em que o possui. Contudo, creio que quem deseja experimentar, deve estar preparado para não ser por ele esmagado. Já vi acontecerem exemplos, em que pessoas foram totalmente destruídas pelo poder que tanto ambicionaram. Ficaram sozinhos, sem família, sem amigos e - o pior - nem mesmo o poder restou.

Quando vejo o senador Antônio Carlos Magalhães chego a me fazer acreditar que a única coisa que o mantém vivo é a sensação do poder que ainda experimenta. Outrora a própria personificação do poder, aguerrido e ferino. Hoje, com a saúde visivelmente debilitada – com o andar cambaleante, a voz fraca e o raciocínio embotado.

Que tamanha força exercerá sobre o ser humano o poder, que o faz cego pra tudo o mais na vida? Só o poder o faz pensar, agir e até se manter vivo. Parece que tudo o que advém do poder ainda é pouco. Deve ser o que acontece com o avaro, que passa toda a sua vida juntando tesouros, que nunca irá usufruir.

Acredito que ACM quer morrer no Senado Federal. De preferência ocupando o parlatório, com o plenário repleto dos seus pares. Seria o ápice do poder para esse político. Seria a suma glória de uma vida, quase toda ela dedicada à política e ao poder dela advindo. Seus últimos pensamentos serão voltados pra as homenagens póstumas que receberá, assim que o seu corpo chegue à Bahia e aqui seja velado.

Creio que deverá imaginar os verdadeiros amigos a pranteá-lo e os falsos e invejosos a maldizê-lo. Com o espírito fora do corpo, ainda gostará de sentir o calor do povo baiano a quem sempre amou e em seu nome exerceu o poder. Acreditará que este não será o fim, mas só o começo de uma nova era do poder que julga ser imortal.

Quando chegar a hora do fim, descansa em paz, Antônio Carlos Peixoto de Magalhães, o poder irá contigo. Dele, restarão entre nós os registros da história e os exemplos a serem seguidos por aqueles que sonham em herdá-lo.

Gerson Menezes é publicitário

3 comentários:

Anônimo disse...

É claro que vosmecê não conhece o
"Poder" Confissão transparente)
Mas, tambem não conhece ou conhece muito pouco da "figura" ACM.
O velorio já aconteceu meu compadre, os seguidores buscam atordoados algum lugar ao Sol, outros se jogam aos braços da oposição e, só poucos prudentes pacientemente aguardam as mudanças
rápidas de qualquer espólio ou melhor os tramites da PARTILHA.
Acorda Gerson ou v. também já morreu e não sabe

Anônimo disse...

Gerson fala para anônimo.
Caro anônimo,
Não conhecer o poder é não tê-lo exercitado. Porque, confesso que não me faz a cabeça. Quanto a figura de ACM interligada ao poder, acredito conhecer o suficiente, porque, mesmo sem nunca ter sido um dos seus correligionários, sou admirador da sua capacidade política de se manter por tanto tempo no poder. Querer negar, mesmo que discordando dos métodos, é negar a história política da Bahia.

Anônimo disse...

Caro Gerson,
o amigo anônimo está muito equivocado. "Não é preciso saber cozinhar para saber que a comida está boa".
ACM está para sempre inserido na estória política da Bahia, quer queiramos ou não, e como toda paixão é o que nos mantem vivos, ele se alimenta do poder e continua em cena esperando o apagar das luzes.
Belo texto o seu, parabéns.