31 maio 2007

"A imprensa patina no lodo dos interesses"


Por Gustavo Atallah Haun

Jorge de Souza Araújo é um dos maiores intelectuais vivos do país. É baiano de Baixa Grande (07/01/1947), mudou-se para o sul da Bahia nos anos 1960. Licenciou-se em Letras na antiga FAFI (1972), é mestre (1980) e doutor (1988) pela UFRJ. Foi da equipe inaugural da Tribuna da Bahia e foi repórter do Jornal da Bahia, em 1968, além de redator da Luta Democrática, em 1976.
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Jorge Araújo produziu crítica literária para inúmeros jornais brasileiros e tem seu nome estampado em várias antologias de conto, poesia e ensaio. Atualmente, ministra cursos de pós-graduação em universidades estaduais baianas e é professor adjunto da Universidade Estadual de Feira de Santana. Filiado ao PC do B, atualmente reside em Ilhéus, onde foi candidato a vice-prefeito no ano de 2004. Tem mais de 25 livros publicados e escreve crônica semanal no Jornal Agora, em Itabuna.

Gustavo Atallah Haun
- Quem Jorge Araújo gostaria de ser? E quem gostaria de ser Jorge Araújo?
Jorge de Souza Araújo
– Sobre o primeiro item, revelo meu mais profundo desejo. Gostaria de ser Anatomista Feminino pelo método Braille. Sobre o segundo, desconfio que poucos gostariam de ser eu mesmo, que comigo muito me canso muitas vezes.

Caso fosse vedada a escrita, contentar-se-ia em ser professor?
Contentar-me-ia em viver a vida em comprimidos, à semelhança das pílulas de vida de Dr. Ross.

O senhor também nutre uma paixão pelo jornalismo.
Já foi avassaladora essa paixão, amigo. Hoje, vivo às turras com as nódoas e a falta de tinta de um jornalismo vesgo, irresponsável e carreirista. Exceções? Caros Amigos, Carta Capital...

Acredita no mito da "imparcialidade" na imprensa? Os meios de comunicação são, foram ou serão algum dia imparciais?
Imparcialidade é termo caro, de raríssima extração em qualquer campo da atividade humana. Isenção, responsabilidade social e humanista, respeito à alteridade e à diferença deveriam pautar todos os nossos ofícios. Mas não é o que acontece no estreito mundo das aparências. E a imprensa — que já foi chamada de «O Quarto Poder», equiparado aos Executivo, Legislativo e Judiciário — patina no lodo dos interesses, doença ativa do capitalismo predador, fundado apenas no lucro.


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A entrevista completa você confere aqui no Pimenta na Muqueca, sábado. Numa conversa franca, mas leve, com Gustavo Atallah Haun, Jorge Araújo fala de literatura, angústias, jornalismo, da vida... Não perca. Essa é uma das primeiras contribuições do grande Gustavo para o Pimenta na Muqueca. A entrevista também será publicada no Diário de Ilhéus e Diário do Sul.



3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente!
Ler o ouvir o que Jorge Araújo escreve ou fala, é sempre um prazer.
Intelectual sem ser boçal, Jorge, escreve com a fuidez da sua rara inteligência.
Parabéns Gustavo, pela escolha do entrevistado.

Professor Howdy disse...

Hello!
Very good posting.
Thank you - Have a good day!!!

Anônimo disse...

Parabéns professor Gustavo!

Um tema deste nos faz lembrar-mos e conscientizar-mos da vergonha que temos da imprensa brasileira. E que não condiz com os desempenhos dos alunos de comunicação, no caso os da UESC que receberam notas máximas de avaliação nacional.
Não seria a hora de criar um jornal diário,independente, de distribuição gratuita, mas, mantido pelos anúncios comerciais? A exemplo de um que circula em nível mundial?

Zilma Vasconcelos
Aluna do PRUNE-Itabuna