31 maio 2007

"Reflexões sobre a linguagem"

"Victor Hugo, escritor francês disse: “A palavra, como se sabe, é um ser vivo”. Todo ser vivo nasce, cresce e se transforma, porque a morte nada mais é que uma transformação. Assim são as palavras: elas nascem, quase sempre como resultado da transformação de outra(s), crescem no uso, até sofrerem transformações, seja em sua forma, seja em seu significado.

Murilo Mendes, escritor brasileiro, disse: “Só não existe o que não pode ser imaginado”. Não podemos conhecer o que o mundo realmente é. O que conhecemos é aquilo que imaginamos que o mundo seja. A convicção de que existe uma realidade se origina do fato de que esta é coletiva. Mas a realidade é apenas um imaginário coletivo. O fato de milhões de pessoas imaginarem uma mesma realidade, não garante que esse imaginário coletivo seja real. Quando perdemos a copa mundial de futebol para a França, milhões de brasileiros imaginavam que nossa vitória seria uma realidade. Assim, o que é que existe? Existe aquilo que podemos imaginar que existe. Lobisomem existe? Se você pode imaginar um lobisomem, então ele existe.

Stendhal, romancista francês, disse: “A ortografia não faz o gênio”. No entanto, o nosso ensino escolar e a nossa gente, durante muito tempo, valorizou excessivamente a correção ortográfica, como se esta, por si só, garantisse uma boa escrita. Muitos, ainda hoje, acreditam nisso. Por isso, os erros ortográficos provocam escândalos e chacotas, como se fossem um atestado de ignorância. Na verdade, a ortografia não garante uma boa escrita nem mérito intelectual. Há muito mais coisa entre um texto medíocre e outro brilhante, que a nossa vã ortografia."

Coluna Usos do Português, Odilon Pinto

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