A parte que importa no parto do porto
Ramayana Vargens
Do Blog do Gusmão
A cidade de Ilhéus está grávida - de um porto. E ninguém sabia. Não é uma gestação resultante de um acasalamento consentido ou, muito menos, fruto de um ato de amor. É gravidez forçada. Compatível a um estupro ou, no mínimo, uma inseminação artificial feita, enganadoramente, sem que a vítima soubesse o que estava acontecendo. E, agora, surge um impasse vital: abortar ou deixar o filho indesejado nascer?
Entre a vida e a morte, a única opção aceitável deve ser a manutenção da vida. Não seria digno, nem humanamente justificável, resolver o problema com a eliminação de um organismo vivo em processo de formação. Se o feto existe, o bom senso cristão nos obriga a concentrar esforços para que a criança nasça saudável e a mãe não sofra seqüelas irreversíveis em decorrência do parto.
A criança (o porto) está aí. Só nos resta lutar para que o parto seja normal, executando com alta competência técnica, e com plenas condições para que o rebento não se transforme em um fator desagregador da família e de degradação social. Para tanto, precisamos – acima de tudo – de pais responsáveis que assumam as conseqüências de seus atos e saibam corrigir as mazelas induzidas por seus erros.
Mas, quem é o verdadeiro pai da criança?
Aí é que aumenta a confusão. O poder municipal se exime de qualquer participação na geração do nascituro. O governo do estado, legítimo consorte do município, afirma que a concepção foi orientada e programada pelos interesses da União. Só que o todo poderoso poder federal está distante e ainda não deixou claro de que forma tratará a grávida daqui por diante – como uma amante eventual ou como uma companheira com a qual pretende construir um futuro estável e promissor.
E a sociedade ilheense, vendo a barriga crescer rapidamente, fica atônita – sem saber a quem recorrer e sem a certeza de que terá os recursos necessários para assegurar um próspero amanhã para toda a sua família (enormemente impactada por esse inesperado bebê de grande porte).
O perigo é que existe no ar a promessa de uma fabulosa herança futura (bilhões de dólares advindos da exportação) para quem abrigar o tão polêmico neném. E já começam a surgir oportunistas inescrupulosos que tentam se habilitar como tutores e pais adotivos do porto dos ovos de ouro.
Precisamos ficar vigilantes. Não podemos deixar que aproveitadores de ocasião (empresários, políticos ou especuladores que só pensam em seus próprios interesses) assumam a condução de um processo que definirá os destinos de nossos filhos.
É preciso mobilizar os diversos segmentos da comunidade para fazer valer nosso legítimo direito de decidir sobre nosso futuro. Que, pelo menos, respeitem nossa justa posição de determinar qual a maternidade onde a criança deve nascer. Não queremos que esse berço seja na Ilhéus – Itacaré.
2 comentários:
Quem te viu, quem te vê. Ramayana Vargens, ex-defensor do meio-ambiente, faz uma parábola para justaificar o injustificável. A construção desse porto é um grande absurdo, especialmente aonde está localizado. Como é candidato a vereador pelo PT, tenta tapar o sol com a peneira dizendo: se a gravidez está aí, só nos resta deixar o filho nascer. Que decepção, Ramayana! Na verdade o ato sexual ainda não foi consumado. Há tão somente a intenção. A concepção não ocorreu, portanto a criança nem sequer precisa ser abortada. Basta prender o tarado e não deixar ele consumar o estupro.
Estou decepcionado com você Ramayana. Eu pensava que você era um idealista, mas vejo que é iguas aos outros petistas.
Zelão, falando de fetos:
Minha avó dizia, antes de existir o teste de DNA: - "Deixa nascer, porque filho de puta, nasce com a cara do pai, para que não exista dúvida".
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