Notícias de uma guerra particular...
...(O rato que não ruge mais)*
O presidente Lula pode estar envolvido numa batalha ferrenha e imprevisível contra Geraldo Alckmin no segundo turno das eleições presidenciais.Mas, uma guerra particular travada em território baiano ele já ganhou. E ganhou de maneira inquestionável, impondo ao adversário uma derrota vergonhosa, humilhante.
A vitória de Jacques Wagner sobre Paulo Souto na disputa pelo Governo da Bahia no primeiro turno, que o Brasil inteiro aponta como a grande surpresa das eleições, é sobretudo a vitória de Lula sobre ACM e o próprio Wagner foi o primeiro a reconhecer isso.
Nos últimos tempos, ACM especializou-se em espinafrar Lula. O confronto é aceitável num regime democrático, mas o velho senador superou qualquer limite de civilidade, ao partir para a baixaria, as agressões pessoais.
Uma metralhadora giratória contra Lula que, enquanto pode, ignorou as agressões, até porque de sua estatura de presidente não deveria perder tempo com um homem beirando a senilidade.
Se decidiu ignorar ACM em nível nacional, Lula decidiu entrar na guerra paroquial e se empenhou, como em nenhum outro Estado, pela eleição governamental. Colocou a vitória de Wagner como prioridade.
Confiante, o senador chegou a bravatear, respondendo que era invencível na Bahia, repetindo à exaustão que Paulo Souto já estava eleito. Bem a seu estilo, disse que Lula não iria eleger Wagner nem fazendo milagres.
A guerra particular atingiu tons mercuriais duas semanas antes da eleição quando, num comício em Feira de Santana, Lula comparou ACM a um hamster, espécie de ratinho inofensivo.
O recado foi claro: ACM sempre se julgou um leão, que rugia e amedrontava todo mundo. Um leão amamentado nas generosas tetas da Ditadura Militar, que cresceu acostumado às tetas de governos ditatoriais e pretensamente democráticos e que se especializou em sugar a maior das tetas, que considerou como sua propriedade particular: o Governo da Bahia.
Do leite sugado com volúpia de fera eternamente faminta , construiu um império econômico que talvez nem outro milagre, o da multiplicação dos pães, consegue explicar. Os tentáculos do carlismo estão em toda a parte da vida baiana, numa inacreditável mistura entre o público e o privado.
Um leão que se jactava se intimidar presidentes da República, mas que Lula reduziu a condição de um reles ratinho.
Um rato que rugia ainda imaginando ser o leão que um dia foi.
Lula, com o apoio inestimável apoio do povo baiano, derrotou ACM no seu próprio terreiro, mandou o hamsterzinho para o limbo e deu a Wagner a chance de sepultar de vez um sistema político que se arraigou no poder por quase duas décadas.
Essa é, entretanto, outra batalha a ser travada, um imenso desafio que surge, que vai dispender esforços, articulações e muito trabalho.
Na guerra particular travada entre ACM, o rato já não ruge mais.
Daniel Thame
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