31 março 2007

A Deus o que é de Deus...

... a César o que é de César!
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Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Tudo na vida segue, invariavelmente, a regra da evolução. Existem, porém, coisas que teimam em evoluir, muitas das quais existiram em um passado próximo e nós nem lembramos mais. Outras continuam vivas, ou mortas, sem admitirem que já morreram. Não é por saudosismo que lembro da minha infância, quando crianças e adultos faziam fila para beijar a mão do padre. Era uma expressão de respeito àquele que, no nosso imaginário cristão, era o representante do Deus Vivo entre nós.

Como tudo neste mundo de Deus, a Igreja Católica Apostólica Romana também evoluiu. Os padres, bispos, cardeais e os próprios Papas parece que se tornaram mais humanos e menos “divinos” - já não parecem mais ostentarem aquela “auréola de luz” como nossos olhos crédulos os viam antigamente. Relembro ainda as “santas missões de catequeses” realizadas pelos missionários capuchinhos. Era uma festa em cada cidade onde chegavam. Era fácil, até para nós crianças, entender os “mistérios divinos”.

Nos caminhos da evolução, a igreja trocou a catequese da alma pela palavra direta sobre as coisas terrenas, salvo a tentativa de resgate exercida por alguns poucos padres ligados ao Movimento de Renovação Carismática, na busca de estancar a fuga do “rebanho” para outras religiões ou seitas que proliferam, a mercê muito mais do uso competente do marketing e da mídia, que até mesmo dos “milagres prometidos para o hoje”, sem se ter que aguardar o “julgamento final” e a vida eterna no paraíso.

Nos caminhos da evolução percorridos pela igreja católica, ainda lembro dos sermões cheios de rancor e ódio contra o comunismo, proferidos pelo sexagenário Padre Xavier, antigo pároco da igreja matriz de São José. Eram verdadeiros “libelos acusatórios” em que, implicitamente, não faltava a famigerada visão de que “comunista comia criancinha”.

Ainda freqüentava a igreja quando surgiu a “teoria da libertação”, abraçada pelos padres mais jovens. Pregava principalmente o “resgate da redenção do homem, através das lutas de classe, que os levaria à igualdade”. Da minha infância aos dias atuais, várias foram às diretrizes emanadas da cúpula da igreja, através das Encíclicas, Sínodos e congressos. Tudo, no entanto, me pareceu priorizar mais a salvação da carne em pretérito do espírito.

Da “igreja viva” que conheci, chego a sentir saudades de D. Paulo, bispo recente da nossa Diocese, que por suas posições polêmicas se fazia escutar. Lamento hoje a “quase ausência” da voz do pastor de D. Ceslau (salvo quando leio os seus inteligentes artigos nas edições das sextas no Jornal Agora). Mas me parecem muito pouco para um “pastor de almas”, hoje, mais do que ontem, tão conturbadas. Seja qual for a escala de evolução que a igreja católica atingiu, a voz dos seus pastores ainda se faz necessária na condução do “rebanho das almas aflitas”.

Gerson Menezes é publicitário

3 comentários:

Anônimo disse...

Pra vc ver, caro Gerson... Ontem eram os comunistas, hoje são os padres que comem criancinhas. E não é no sentido antropofágico, como se dizia maldosamente dos "vermelhos".

Anônimo disse...

Ô Gerson: "teoria" é a sua. O movimento pastoral que o falecido João Paulo II, com o apoio do cardeal Ratzinger, atual papa, estacanou era "Teologia da Libertação". Você mirou no palito de fósforos e acertou... no poste!!!

Anônimo disse...

Uma pergunta ao Pimenteiro:

Quem é D. Ceslau? Quem conhece este senhor?

Parodiando, diria que o bispo está nu. Lá, distante dos fiéis!