Ideologia até o primeiro milhão!
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O título acima é, como se pode dizer, uma corruptela do slogan Comunista até ganhar o primeiro milhão utilizado pela direita, para denegrir a imagem e os discursos dos nossos “briosos comunistas”, na era pré-revolução de 64. Pois é. A história também se repete agora.
O ilustre professor Roberto Mangabeira Unger, um dos mais proeminentes e combativos ideólogos de uma das “facções mais radicais do PT”, após ser convidado, e aceitar o convite do presidente Lula, para assumir a pasta de “Longo Prazo”, criada só para abrigá-lo na Esplanada, parece ter mudado “radicalmente os seus conceitos”.
Constava até há poucos dias da página virtual do ilustre professor Mangabeira, um artigo que fazia parte de uma trilogia com o título “Pôr fim ao governo Lula” (publicado na Folha de São Paulo), no qual pregava o impeachment do agora “new chefe”.
Acho justo, humano e até sábio que a evolução natural das coisas nos leve a rever posições, conceitos e ideologias. Desde que as revisões não nos levem a capitulações e ou entreguismos. Afinal, até mesmo o presidente Lula, sabidamente não muito afeito ao exercício do pensamento, diz que, após os sessenta anos, revisou os seus conceitos.
Do referido artigo, pinçamos alguns trechos que julgamos elucidativos, acerca do pensamento do professor Mangabeira:
“Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor aos seus desmandos”.
- “Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em crimes de responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua condenação
- “Imiscuiu-se e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem em disputas e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto, um aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e que depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários, apoio para interromper a investigação de seus abusos”.
- “Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança”.
O que todos esperam é que o ilustre “ideólogo petista”, no exercício do seu “livre arbítrio” e à luz dos fatos, tenha revisto as suas posições e conceitos a respeito do presidente Lula e do seu governo. Que não tenha sido a “livre e espontânea pressão” de vislumbramento de fazer parte do poder que o tenha levado a uma autocensura.
Um comentário:
Pode-se falar muita coisa do presidente Lula, mas atribuir-lhe pouca afeição ao pensamento é, no mínimo, corrupção intelectual. É sabido e notório que até os mais ferrenhos desafetos reconhecem a astúcia de Lula e é bom lembrar que pensar não tem nada a ver com formação acadêmica. Aliás, esse raciocínio é antigo, preconceituoso e superado.
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