25 maio 2007

Itabuna tem 21 mil analfabetos

Odilon Pinto

Segundo o IBGE, exitem cerca de 21 mil analfabetos no município de Itabuna. Numa sociedade letrada, isto é, numa sociedade que se baseia na escrita, o analfabetismo marginaliza as pessoas, limitando as práticas sociais a que podem ter acesso. Um analfabeto enfrenta dificuldade já no mercado de trabalho. Mesmo serviços com baixos salários estão exigindo hoje o domínio da escrita.

Para os analfabetos ficam apenas os serviços braçais que não exigem experiência nem qualificação. Além disso, o analfabeto tem dificultado o acesso aos serviços públicos básicos como INSS, auxílio desemprego, atendimento pelo SUS etc. Claro que um analfabeto é atendido pelo INSS, mas as dificuldades a serem enfrentadas são bem maiores.

O preenchimento de um simples formulário é tarefa impossível para um analfabeto, que deve recorrer ao auxílio de outra pessoa, tornando o atendimento mais demorado. O analfabeto tem acesso ao rádio e à TV, mas não tem acesso aos jornais, revistas e internet. Dessa forma, 21 mil habitantes de Itabuna estão restritos aos trabalhos menos qualificados, a um atendimento precário dos serviços públicos e a uma parte da mídia. A maioria desses analfabetos são das classes populares, com idade acima dos 20 anos.

O analfabetismo traz ainda problemas psicológicos, como a baixa auto-estima e a vergonha de admitir em público essa condição. Colocar o “dedão”, em vez de assinar o próprio nome, é sempre um momento de vexame para o analfabeto. Perguntar o destino do ônibus porque não sabe ler é outro constrangimento. Temos, portanto, em Itabuna, 21 mil semi-cidadãos, pessoas que não são igual a nós em direitos, pessoas desclassificadas.

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Odilon Pinto é mestre e doutor em Lingüística, pela UFBA, e professor da UESC, e também escreve diariamente para o jornal Diário do Sul, onde mantém as colunas Coisas da Vida e Usos do Português.

2 comentários:

Anônimo disse...

Um dos analfabetos está na prefeitura. Não sabe ler nem escrever, porém sabe r....! ralar bem na vida e ser prefeito da cidade.

Anônimo disse...

Será que a sociedade itabunense tem idéia de quantos analfabetos iletrados a secretaria de educação de itabuna está "deixando" sair ou permanecer nas escolas municipais?

Será que as famílias desses alunos que estão nas "classes de integração e recursos", as famosas CIR, estão sabendo da perversidade que está acontecendo com essas crianças e jovens?

O procedimento criado para ajudar o aluno a superar as dificuldades de aprendizagem, virou um curral, uma CTI.

A educação municipal está colaborando para fortalecer os índices vergonhosos de baixa aprendizagem do nosso Estado.

É hora de participação e cobrança social!

Ei, vc aí, procure saber e vamos à luta por uma sociedade itabunense que possa assumir o poder via conhecimento. Só assim poderemos impedir que governo com o atual seja eleito.