"Joga Pedra na Geni...!"
Gerson Menezes
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De uma época em que as letras das músicas tinham sentido, me vem a lembrança de uma composição de Chico Buarque de Holanda. Ela conta a história de uma desvalorizada e sempre escorraçada prostituta de uma cidade, que um dia é invadida por um sanguinário e imundo comandante de 'zepelim'.
Conta a história que o forasteiro se encanta por Geni e, como única condição para não destruir a cidade e matar a todos os seus habitantes, exige que ela faça sexo com ele. Por uma noite inteira. Apavorados, os habitantes da cidade saem em coro a gritar: - “... Vai com ele, vai Geni, você pode nos salvar, você vai nos redimir, você dá pra qualquer um, Bendita Geni!”.
Mais uma vez humilhada, ela não se furta da sua sina inglória de prostituta, para salvar àqueles que sempre a humilharam. No outro dia, logo cedo, o capitão, cumprindo a sua promessa, abandona a cidade. Com o corpo machucado e a alma ferida, mas com a consciência do dever cumprido, sai à janela do seu casebre. Ao vê-la, a multidão canta em coro: - “Joga pedra na Geni. Ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir... Maldita Geni”.
O tema me ocorre, “por mera associação”, com a humilhante situação vivida pelo prefeito de Ilhéus, Valderico Reis. Há pouco mais de dois anos foi eleito pela maioria dos ilheenses, como o salvador. A sua vitória foi comemorada nas praças, ruas e avenidas, por toda a cidade de Ilhéus, como quem os havia libertado do julgo político de Jabes Ribeiro. Do seu séquito vitorioso, faziam parte; velhas e conhecidas figuras da política a muito sem mandatos e novas, muitas das quais se elegeram no bojo da popularidade de Valderico.
Em coro, gritavam: Bendito Valderico.
A “vida pregressa” do atual prefeito ninguém desconhecia. Mas era conveniente a todos, naquele momento, para o bem de todos e felicidade dos que pensavam em benefícios pessoais, acreditar que Valderico se deixaria governar.
Ele se revelou mais esperto do que se supunha. Governou somente para os “seus” e para si próprio. E nem as migalhas sobraram. Eis que, insatisfeita e revoltada, a malta volta às ruas, incitando o povo a “jogar pedra...” no agora... Maldito Valderico.
É até lugar comum se dizer que a arte imita a vida!
Gerson Menezes é publicitário
Clique aqui e confira a letra de Geni e o zepelim, de Chico Buarque.
Um comentário:
ótimo texto!
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