23 maio 2007

Jornalista envolvido na Operação Navalha

"Estranho
Advogados que circulam no Tribunal de Contas da União estranham as freqüentes visitas do empresário baiano Latif Abud a alguns ministros. Falta pouco para seu acesso ao TCU sofrer restrições."

A nota acima, publicada em sete de julho do ano passado, colocou o jornalista e ex-porta-voz do governo Collor, Cláudio Humberto, no 'olho' da operação Navalha. A polícia federal descobriu que ele atendia, na verdade, ao empreiteiro Zuleido Veras, da Gautama. Confira trechos de diálogo travado entre o jornalista e o empreiteiro no ano passado, segundo a PF:

Zuleido: Cláudio?

Humberto: É.

Zuleido: Parabéns, tá?

Humberto: Ficou bom?

Zuleido: Muito bom.

Humberto: Você não imagina a choradeira, viu?

Zuleido: Foi (risos).

Humberto: Rapaz, mas foi pela madrugada.

Zuleido: A hora que bateu na internet, foi?

Humberto: Foi. Rapaz, a coisa é mais grave. O cara tá lá comprando ministros, foi expulso de uma sala. Eu dei a coisa mais amena possível.

Zuleido: Aquela frase final foi terrível.

Humberto: É bom porque constrange, né?

Zuleido: Tá bom, meu amigo. Parabéns, obrigado.

Humberto: Às suas ordens, viu?"

Latif, citado no diálogo acima, é Latif Abud, ex-sócio de Zuleido. Os dois disputavam contrato de uma obra em Brasília e a briga foi parar no Tribunal de Contas da União (TCU).

2 comentários:

Anônimo disse...

E esse "cidadão" fica tirando onde de "honesto" descendo a madeira em todo mundo. esquece ele que é corrupto.

Ricardo Ribeiro disse...

DEFESA DE CLÁUDIO HUMBERTO, RETIRADA DE SEU SITE:

"Peço licença para esta nota na primeira pessoa, tendo em vista a publicação de matéria, hoje, envolvendo o nome do colunista.

A reputação de Zuleido Veras e da construtora Gautama não dificultou sua contratação, pela Polícia Federal, para realizar obras de vulto em suas dependências. Esse exemplo dá a medida do conceito desfrutado por Veras até que a sociedade conhecesse a Operação Navalha.

Ao descobrir o esquema, a PF cumpriu o dever de denunciar o empresário e demais suspeitos. Esta coluna cumpre o dever de noticiar o fato com o desassombro habitual e absoluta isenção.

A gravidade do escândalo, porém, não pode servir de pretexto para colocar sob suspeita inclusive aqueles com quem Veras manteve relacionamento profissional ou pessoal correto.

Além disso, é necessário destacar bem: o que está em causa é um gravíssimo esquema, denunciado pela PF, de fraude em licitações públicas e de suborno a agentes públicos (servidores graduados e parlamentares). E não uma caça injusta a todos com quem seu principal personagem se relacionava.

Do mesmo modo que a credibilidade empresarial de Zuleido Veras o levou a ser aceito sem restrições, realizando obras para organismos respeitáveis, inclusive públicos, ele se tornou fonte de muitos jornalistas. Eu fui um deles. Jornalista não briga contra a notícia, nem pede atestado de santidade a suas fontes; exige apenas que a notícia seja relevante e verdadeira.

Assim como Veras me telefonou para agradecer uma notícia que eventualmente o agradou, houve momentos em que reclamou de outras que contrariaram seus interesses.

Para mim, não importa se a notícia agrada ou desagrada; importa, sim, que seja verdadeira. A nota que publiquei, referida no telefonema grampeado, jamais foi desmentida.

São comuns na rotina de qualquer jornalista, sobretudo independentes, elogios, queixas e até processos. Não por acaso, há entre os presos da Operação Navalha quem me processe na Justiça, exatamente porque denunciei suas malfeitorias.

Lamento a transcrição pública de uma conversa privada, em meio a notícias outras, sobre pessoas e dinheiro públicos, como se houvesse ligação entre os dois fatos.

As notícias exclusivas e os furos construíram a reputação desta coluna, iniciada há nove anos e hoje reproduzida em 36 jornais de 25 Estados, que totalizam mais três milhões de exemplares. E o acesso médio mensal a este site, em 2006, foi de 3,5 milhões de visitantes únicos. Nada disso seria possível sem a credibilidade e a importância que este espaço jornalístico adquiriu ao longo desse tempo. O melhor juiz é o leitor, único destinatário das informações aqui publicadas - boa parte com absoluta exclusividade, o que explica alguns ressentimentos.

Ao tempo em que agradeço as inúmeras mensagens de confiança e até de afeto, reitero o compromisso da coluna com a verdade. Sempre."