NAVALHA CONTRA PÉ-DE-CABRA
A ironia fina e afiada como navalha do companheiro Gerson Menezes, em artigo publicado no Pimenta (leia logo abaixo), retrata bem o que se passa no espírito do brasileiro nesses dias em que a Polícia Federal prende prefeitos, ex-governadores, deputados e até conselheiros de tribunais de contas.
Não se pode dizer que ações como as da Operação Navalha sejam uma absoluta surpresa, uma vez que outros tubarões caíram na rede da Polícia Federal em um passado recente. Mas a atual caça aos larápios tem alguns aspectos interessantes e bastante, por assim dizer, "educativos".
Veja-se o exemplo do infortúnio do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. Na semana semana passada, o ex-fabricante de água sanitária foi ao lado do governador Jaques Wagner para uma reunião com o presidente Lula. Foi recebido com pompa e circunstância no Palácio do Planalto e teve atenção especial também dos ministros Márcio Fortes (Cidades) e da poderosa Dilma Roussef (Casa Civil).
Pois bem, "nunca antes neste país" um político sofreu um revés tão absurdo. Uma semana encontra-se com o presidente da República e na seguinte volta a Brasília para ser encarcerado nas dependências da PF. Não se pretende fazer aqui juízo da culpa ou inocência de Caetano, mas apenas narrar um episódio que certamente entrará para a nossa história política.
Outras façanhas da Operação Navalha também serão contadas e recontadas, como é exemplo a prisão de Flávio Conceição, conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe. O nobre senhor era quem apurava irregularidades em contratos no TCE. Imagine! O gato jamais morderia o próprio rabo.
Muitas outras histórias pitorescas certamente ainda vão emergir dessa operação, cujo processo tramita em segredo no Superior Tribunal de Justiça. O conteúdo dos autos daria um excelente livro sobre as relações promíscuas que ainda prevalecem no Brasil entre políticos, empreiteiros e lobistas, arrebentando os cofres públicos e ajudando a perpetuar a nossa miséria.
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