Não se deve por todas as fichas numa só jogada

Gerson Menezes
publixcriativo@hotmail.com

Isso é o que ensina o manual dos jogadores. Vale, também por analogia, para outros setores, como os negócios e a política. Terá Geraldo Simões feito a aposta certa ao trocar o mandato de deputado federal, para o qual foi eleito com expressiva votação, por uma secretaria no governo do Estado?

Sinceramente, tenho as minhas dúvidas. Após ter perdido a disputa municipal para Fernando Gomes, Geraldo fez a sua auto-análise, reconheceu os erros, refez o seu grupo, reaproximou-se do povo e reconquistou o espaço político. Mesmo vítima de uma insidiosa campanha difamatória que o apontava como mentor da disseminação da vassoura-de-bruxa na região, ganhou a confiança do povo, manifesta expressivamente na votação que lhe foi conferida pra o Congresso Nacional.

Avalista principal da vitória de Jaques Wagner aqui na região, Geraldo passou a sonhar com vôos mais altos na sua carreira política - o que julgo uma ambição válida – de vir a ser indicado e apoiado por Wagner, para sucedê-lo no governo da Bahia se, modificadas as regras eleitorais, for extinto o instituto da reeleição. Ou se Wagner for ungido por Lula para a sucessão presidencial. A meu ver, muitos “se” a serem vencidos.

Mas, se tivesse optado pelo mandato de deputado federal, por certo não teria cedido espaço pra o crescimento político de Raymundo Veloso, cujo mandato foi transformado em voz única da região. Pela sua votação, pelos seus conhecimentos dentro do governo do PT e da sua amizade pessoal com o presidente Lula, por certo, teria garantido destaque ao mandato.

Por outro lado, a amizade de velhas datas e o empenho demonstrado na campanha, teria garantido espaço e reconhecimento no governo do amigo Jaques Wagner, que Geraldo não precisaria ocupar pessoalmente, mas indicando. Porém, não vejo vantagens na troca. No caso especifico daqui da nossa região.

Mesmo que Geraldo consiga resolver junto ao governo federal a principal reivindicação dos produtores, que é a solução das dívidas junto ao sistema financeiro, não creio que conquiste a simpatia e o apoio dos beneficiados, que são justamente os médios e grandes produtores, fisiológicamente contrários ao PT e a Geraldo. Também, nada agregará às suas bases, formada pelos ex-trabalhadores rurais, que não torcem pela reconquista do poder dos patrões, pelos quais foram explorados por muito tempo.

A reconquista do poder municipal de Itabuna é, a meu ver, a mais importante e urgente meta política de Geraldo Simões, na diversificação das suas apostas de um futuro político. Mas, para tanto, precisa reconquistar suas bases, reabilitar as amizades preteridas, justificar-se perante o eleitorado que o escolheu para exercer o mandato de deputado federal. Fazer uma nova e dolorosa “mea culpa”.

Gerson Menezes é publicitário