06 maio 2007

"Nova demagogia"

JÂNIO LOPO

"Os nacionalistas radicais podem pensar que o Brasil deu um grande passo rumo à sua independência no setor de medicamentos. Isso porque, ontem, o presidente Lula quebrou a patente de remédios anti-aids. Com a medida, o país poderá importar seus genéricos a preços mais vantajosos. Aparentemente, deu uma demonstração de altivez. Devemos economizar anualmente U$ 30 milhões. Não é uma maravilha? Não. Acho, sinceramente, uma temeridade.

O laboratório que produz a droga gastou algo em torno de U$ 1 bilhão em pesquisas até colocá-la no mercado. E está disposto a investir outros tantos bilhões de dólares em busca de uma vacina ou algo semelhante na cura da maldita doença. Se conseguirem - têm tudo para conseguir - vão deixar o Brasil na mão. Seus representantes não disseram isso explicitamente, mas mandaram um recado insinuando que podem sair do nosso território, vetando sua lista de medicamentos ao povo brasileiro.

Ora, o diálogo é o instrumento mais eficaz para resolver quaisquer questões. Talvez tivesse valido a pena insistir no entendimento com a multinacional. Além do mais, uma economia anual de US$ 30 milhões numa área tão delicada não representa lá nenhum feito histórico. Os escândalos do mensalão e dos empréstimos suspeitos do PT junto a bancos privados são, pelo menos, duas ou três vezes do que US$ 30 milhões. O que queremos, sim, é respeito. Queremos um serviço digno na saúde. Hoje é uma porcaria.
Que o diga a tia de Lula cuja perna foi amputada depois de uma verdadeira via crucis por hospitais públicos do interior de Pernambuco.

Queremos evitar que brasileiros e brasileiras morram nas portas dos centros de atendimentos. Se alcançarmos essa meta, teremos, com toda certeza, motivo de nos orgulharmos desse ou de outro governo que venha a sucedê-lo (...)"

LEIA TEXTO COMPLETO NA TRIBUNA DA BAHIA ONLINE.

4 comentários:

Anônimo disse...

Acerca do assunto sugiro texto postado no blog de Luís Nassif no IG. Ele argumenta que não foi uma decisão açodada, mas, pelo contrário, antecedida por várias tentativas anteriores de negociação.

Anônimo disse...

O Jânio Lopo mostrou desinformação. Até os veículos claramente contrários ao governo destacaram as ofertas de ambos os lados e as tentativas de negociação do Ministério da Saúde, inclusive acionando a diplomacia (Itamaraty) para encontrar uma solução menos "traumática" para o bolso da multinacional.

O que não falta é gente interessada em agradar a multi farmacêutica, sétima maior do mundo e faturamento de 22 bi de dólares. Se vacilar, em vez de remédios, a Merck S.&D.. vai trabalhar na área de carnes secas... Alguém aí falou em jabá?

Anônimo disse...

Em terreno de serpentes e jabaculês, desconfiar é preciso. Mas é recomendável observar que o Lobo, o melhor, Lôpo, não disse que não houve negociação. Ele admite que a tentativa existiu (é fato), mas defende que o governo deveria ter insistido mais um pouco. A meu ver, o eixo da argumentação do jornalista é outro: o temor de que o laboratório venha retaliar o Brasil no futuro, inclusive dificultando o acesso do país a uma possível vacina contra a Aids.

Podemos até discordar do cabra e imaginar que tenha sido agraciado com uma bela peça de charque, mas ele tem todo o direito de ter os medos dele.

Aliás, quem tem CUidado, tem medo.

Anônimo disse...

Ai q "meda", meu Deus...