16 março 2008

Ecos da Procissão

(Zelão, contrito, entoando cânticos de louvor)

“Olha lá vai passando a procissão

Se arrastando que nem cobra pelo chão

As pessoas que nela vão passando,

Acreditam nas coisas lá do céu,

(...)Eles vivem esperando aqui na terra

Esperando o que Jesus prometeu

E Jesus prometeu coisa melhor...”

(trecho da música “Procissão”, Gilberto Gil).


Eu juro que vi!

Eu, anônimo entre milhares de outros anônimos, estava lá agradecendo as graças alcançadas e renovando os pedidos a São José, nosso único Santo Padroeiro (Ilhéus possui três). É, esse ano o festejo foi no dia 15, começamos a Semana Santa, e a igreja católica não permite celebrações festivas.

Vi a fé estampada nos rostos. Vi a contrição dos fiéis penitentes andando com os pés descalços no asfalto quente. Vi e até sorri para os acenos dos políticos presentes. Uns, sempre presentes, outros em busca de um... presente.

Vi, envergonhado, que o prefeito Fernando Gomes acompanhou por pouco tempo a procissão. Talvez, temia os castigos do céu, por ele mesmo não ter cumprido as promessas feitas ao povo, na presença de São José, e voltar a ser vaiado, como foi na procissão do ano passado.

Vi o capitão Fábio, feliz, exibindo no rosto um sorriso (mesmo que amarelo), ao lado da sua bela esposa que carrega no ventre, um fruto do amor, tal e qual Maria, esposa do José Marceneiro, e mãe de Jesus o filho de Deus. Tudo era quase “perfeito” para o capitão, se não fossem as mágoas, dúvidas e rancores que lhe assoberbam o coração.

Vi (de longe) o meu candidato José Adervan (um José verdadeiro) de óculos escuros, como se no seu coração rogasse ao José Santo que mandasse as chuvas que tornam verdes os campos... E de onde brotam os alimentos que nem sempre alimentam os que têm fome e até dos que na mesa podem colocar o alimento, mas que mesmo assim se questionam: “Você tem fome do quê?”

Vi (eu juro que vi) o Secretário da Agricultura da Bahia, Geraldo Simões, pedindo a São José que faça chover; preferencialmente no sertão e nas terras desapropriadas onde se pratica a agricultura familiar e onde se “colhem votos em profusão”.

Ele carregava a tiracolo, sua esposa, a Imperatriz Jussara I, e esta, já se sentindo a verdadeira “sucessora ao trono”, exibia pela primeira vez (nunca tinha visto!), um largo sorriso no rosto, no que era correspondida pelos demais membros da corte (bobos ou não).

Vi, espantado, o “brilho ofuscante” de D. Acácia, que vinha da roupa e da maquiagem carregadas, caracterizando o retrato de uma “perfeita” dondoca do Góes Calmon.

São José, por certo também viu o que vi. Ele, um Santo, saberá, melhor do que eu, julgar as verdadeiras intenções de cada um dos que lá estavam. Saberá separar o “joio do trigo”.

Carpinteiro de profissão, São José, saberá por o prego certo na construção da escada que levará os justos ao topo do poder, ou em contrário; serrará os degraus, fazendo tombar por terra as pretensões de muitos.

Aos pés de São José, a procissão vai continuar... Se arrastando que nem cobra pelo chão.

4 comentários:

Anônimo disse...

Por falar em Procissão,a procissão de Ramos,que saia da Igreja Do Divino do bairro Hernane-sá,foi transferida esse ano para a igreja São Francisco,porque foi programado um bingo de um boi,com som em frente à Igreja,sendo que foi pedido para adiar a festa por causa da Quaresma e mesmo assim a Igreja não foi atendida.Os fiéis estão revoltados pela falta de Respeito.

Anônimo disse...

Martí jejuando;

Não gostei da análise nem tampouco da provável conclusão futura do zelão, ou seja o zelador de Adervan, ou melhor, o álibi democrático dos meninos da pimenta.

Ainda mais da saída desonrosa e agressiva para com os católicos e cristãos em geral, imaginada para o seu candidato numa derrota anunciada:

Caso o ungido ao paço municipal não seja o dele, a culpa é de quem????

Da falta de coerência e inocência do carpinteiro José, diria o nobre zelão.

Espero que ele pare por aí nos substantivos que poderá impingir no pai de Jesus.

Anônimo disse...

Já não se faz mais procissão como antigamente, não zelão?

Anônimo disse...

Zelão, pro anonimo disse:

Pois é caro companheiro. Os tempos são outros. Já não se espera as chuvas de São José, para plantar a semente na terra. Roga-se apenas, para que chova para que não falte a água fornecida pela Emasa nas torneiras das nossas casas.
A fé que levava os produtores rurais em procissão pedirem as chuvas em abundância, para plantarem o milho que seria colhido e chegaria a mesa nas festas em louvor a São João e São Pedro, não mais existe. Foi trocada pela "especulação imediatista dos políticos" e até do povo, que querem ver chover apenas na sua horta.