20 março 2008

Lula, Wagner e a sucessão

Marco Wense

O presidente Lula, constitucionalmente impedido de concorrer ao terceiro mandato, acerta quando toma a correta e inteligente decisão de só subir em palanque de candidato a prefeito de partido da base de apoio nacional do governo.

Como o leque de agremiações partidárias aliadas é amplo, a presença física do presidente só na hipótese de uma candidatura de consenso disputando o comando do Centro Administrativo contra um democrata (DEM) ou tucano (PSDB).

De olho na eleição presidencial de 2010, Lula sabe que não pode privilegiar o PT em detrimento dos outros partidos que compõem a coalizão governista, principalmente o PMDB.

Como a disputa entre os aliados é acirrada, se tornando ferrenha em algumas capitais e grandes cidades, com cada partido lançando o seu candidato, Lula vai ficar no Palácio do Planalto. Longe das picuinhas e do disse-me-disse.

Havendo o segundo turno, o presidente desce a rampa se a disputa for entre o candidato do partido aliado e o DEM (ou PSDB). É bom lembrar aos tucanos e democratas que

Lula é o maior e mais desejado “cabo eleitoral” da história da República.

Em Salvador, depois da aliança informal entre o governador Jaques Wagner e o PSDB, a possibilidade de Lula aparecer é remotíssima. Só se houver um segundo round entre um candidato da base de apoio contra o pretendente do DEM.

Se a disputa soteropolitana for para o segundo turno entre o tucano Imbassahy e um candidato aliado do governo federal, o presidente Lula, em respeito ao que foi acordado entre Wagner e o PSDB, ficaria numa posição de neutralidade.

A aliança entre Jaques Wagner e o PSDB, que só faz beneficiar o tucanato, é mais uma prova de que o governador não quer uma candidatura do PT à sucessão do prefeito João Henrique (PMDB).

Nos bastidores, em conversas reservadas, ilustres petistas são da opinião de que essa aproximação entre o governador e o PSDB visa enfraquecer o ímpeto do ministro Geddel diante da sucessão municipal.

O cada vez mais forte geddelismo, agora com a missão de eleger mais de 200 prefeitos, é um fato inquestionável.

PMDB versus PT, se espalhando por toda a Bahia, é só uma questão de tempo. E o tempo, além de senhor da razão, é implacável.

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