Prende-se como nunca, rouba-se como sempre
Navalha, Sanguessuga, Furação, Anaconda, Águia, Sucuri, Medusa, Cavalo de Tróia, Saia Justa, Fênix, Rosa dos Ventos, Faraó, Cataratas, Predador, Big Brother, Anjo da Guarda, Macunaíma, Mandrake, Frankenstein, Cruz Vermelha, Tic Tac, Esfinge, Gato de Botas, Gavião, Bola de Fogo, Vesúvio, Sodoma, Miragem, Antídoto, Senhor dos Anéis, Alquimista, Woodstock, Alcapone, Rapina, Naufrágio, Mula e Iceberg.
Esses foram alguns nomes das cerca de 200 operações realizadas pela Polícia Federal nos últimos anos, para combater a corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, pirataria eletrônica, etc.
Nesse período, foram detidas cerca de 3.700 pessoas, entre políticos conhecidos e figurões do mundo empresarial.
Como adora dizer o presidente Lula, “nunca na história desse país” se combateu tanto os crimes cometidos por pessoas que não eram importunadas pela polícia, a ponto de no Brasil prevalecer o senso comum de que cadeia era só para a trinca PPP: pobre, preto e prostituta.
É alentador ver gente que mete a mão no dinheiro público e que freqüenta colunas políticas e sociais entrar algemada no camburão e desfilar nas páginas policiais, onde efetivamente é o lugar de ladrão.
Porém -e sempre tem um porém- quando se pega o saldo dessas operações, percebe-se que passada a pirotecnia das prisões espetaculosas, tudo continua como dantes.
Do total de pessoas detidas, sete continuam presas.
Dizem que sete é conta de mentiroso, mas trata-se de uma dolorosa e vergonhosa verdade: apenas sete presos após 200 operações. Um preso a cada 29 operações da Polícia Federal.
O fato é que quando se tem dinheiro para contratar um bom advogado e influência junto a algumas esferas do Judiciário, é sempre possível encontrar uma brechinha na lei para escapar da cadeia e responder o processo em liberdade, o que na prática significa continuar desfrutando da velha e boa impunidade, não raro voltando a cometer os mesmos delitos e a meter a mão no dinheiro público.
A cadeia momentânea acaba sendo um castigo pequeno, fazendo compensar a relação “custo/benefício” da corrupção em larga escala que toma conta de todos os setores da vida pública.
Quando se depara com esses números permanece a sensação de que nada vai mudar enquanto não houver leis rígidas para punir os corruptos e a bandidagem de alto escalão.
A questão não é prender, porque isso a Polícia Federal tem feito.
A questão é fazer com que as pessoas que cometeram atos ilícitos sejam punidas e isso não vem sendo feito. Os processos se arrastam uma eternidade, os casos caem no esquecimento, substituídos na mídia por outros casos, e roubalheira continua. Como sempre na história desse país!
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