10 março 2008

Ser ou não ser? Eis a dúvida geraldiana

Zelão, interpretando o Fantasma da Ópera

Desde quando o filósofo, dramaturgo e escritor William Shakespeare fez esse enunciado filosófico, inserido na fala de Hamlet, personagem principal da peça escrita em 1601 e até hoje considerada a “jóia da coroa” da grande obra shakespeariana, nunca uma expressão foi tão significativa para sintetizar as atrozes dúvidas humanas.

São justamente “dúvidas atrozes” que acometem, nos dias de hoje, o secretário Geraldo Simões. Ser ou não ser candidato a prefeito de Itabuna? Eleito deputado federal no último pleito, em 2006, fez a opção de se licenciar do cargo para assumir a Secretaria Estadual de Agricultura. E o fez a convite do governador da Bahia, Jaques Wagner.

Amigo e parceiro de longas datas de Wagner, Geraldo, de quebra, indicou Adeum Sauer (que logo de início se mostrou fraco e vacilante no cargo) para a Secretária de Educação e Edmon Lucas, para a recém-criada Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional.

Agora, diante da já anunciada reforma do secretariado, feita pelo governador, por força da necessidade das negociações com a base dos partidos aliados e sustentação parlamentar na Assembléia Legislativa, Geraldo se vê na eminência de perder, de uma só vez, todo o “feudo” conquistado na divisão do “botim político”.

O fato poderia vir a ser visto e comentado como uma perda, de poder e do prestígio de Geraldo dentro do governo. Entende-se, pois, qual a dimensão das dúvidas que estão tirando o sono e a tranqüilidade de Geraldo.

Se fizer a opção de vir a ser ele mesmo o candidato a prefeito de Itabuna, tendo, portanto de renunciar agora ou até 5 de junho, Geraldo teme que a sua ambicionada secretaria, caia justamente nas mãos do seu “arquiinimigo” César Borges, senador hoje pelo PR.

As dúvidas “geraldianas” se tornam ainda mais atrozes por saber que a sua saída do governo não terá volta. E, diante do risco de vir a perder a eleição em Itabuna e o poder estadual de uma só tacada, tenta impor o nome da sua companheira Juçara Feitosa (apelidada política e carinhosamente de Imperatriz Juçara I).

As dúvidas, atrozes, podem assumir um “espectro assustador e macabro” nos seus planos de futuro político, principalmente para 2010. Ano para o qual vislumbra as possibilidades de vir a ser senador da República ou mesmo governador da Bahia, indicado e apoiado por Wagner.

Mesmo ganhe a eleição em Itabuna, Geraldo sabe que terá de se ombrear com outros três ou quatro prefeitos eleitos da base governista em cidades de igual ou maior importância eleitoral na Bahia. Por certo, tornará difícil uma decisão unilateral do governador Jaques Wagner, na escolha do indicado.

Diríamos, então, que “nem tudo são flores nos caminhos de Geraldo Simões”. Pontiagudos espinhos ferem e atormentam seus passos e pensamentos diante da dúvida atroz, erguida pelo fantasma shakesperiano: “Ser ou não ser: essa é toda a questão”.

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