A morte dos comícios
A Veja (argh!!!) deste final de semana chama atenção para um fato: comícios são coisas do passado. Leia, abaixo.
"Os comícios começaram a se popularizar no Brasil durante os anos 40 do século passado, chegaram a reunir grandes multidões em torno de um palanque e já foram o principal meio pelo qual um candidato falava ao eleitor. A atual campanha presidencial, no entanto, está mostrando que os comícios estão à beira da morte. Até agora, os dois principais candidatos ao Palácio do Planalto realizaram apenas 22 comícios, número inexpressivo se comparado ao registrado em campanhas anteriores, em que os candidatos faziam até mais de um por dia. Além de poucos, eles têm sido um fracasso de público.
"O Brasil arcaico era o Brasil dos comícios. Hoje, estamos na era da ciberdemocracia, numa sociedade de massas cujo grande instrumento de informação é a TV", diz o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília (UnB). Os comícios já vinham definhando havia bastante tempo, mas, nos últimos vinte anos, os políticos conseguiram dar-lhes uma sobrevida enchendo seus palanques de artistas e celebridades para atrair o público.
Agora, como a lei eleitoral deste ano proíbe a presença de artistas nos palanques, os showmícios acabaram – e os comícios, reduzidos à sua forma original, mostraram toda a sua inadequação à modernidade. "Está claro que as pessoas iam aos comícios para ver os artistas, e não para ouvir os candidatos", diz Nogueira. No seu último comício, realizado em Parnaíba, no interior do Piauí, Alckmin reuniu apenas 5 000 pessoas. O presidente Lula, em Varginha, no sul de Minas Gerais, falou para menos de 8 000.
Trata-se de um público magro demais para mobilizar toda a estrutura de uma campanha. "E comício não é barato. Não sai por menos de 80 000 reais", diz Paulo Ferreira, coordenador do comitê reeleitoral do PT. Na eleição presidencial de 2002, Lula fez 58 comícios e, num deles, chegou a reunir 150 000 pessoas – contando com a ajuda, claro, da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano. Desta vez, Lula, que adora fazer discurso e tem facilidade para se comunicar com a massa, não fará nem trinta comícios. Sinal dos tempos."
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