Política às avessas: Jabes abandona o carlismo e vai para o PMDB de Gedell
De respeitado curriculum político e de um histórico nem tanto, o ex-prefeito Jabes Ribeiro sabe mexer as peças do seu xadrez. Dito de outra forma, sabe jogar politicamente. Sua marca é o oportunismo. Vejamos dois lances de sua carreira no espaço de uma década.
1 - Era 1998. Eleito prefeito de Ilhéus dois anos atrás, Jabes queria uma aproximação com o carlismo. Meios lhe faltavam. Apesar de boa 'lábia' e traquejo político, o prefeito da Terra de Gabriela em seu segundo mandato não achava jeito ou uma bela estratégia de aproximação do senador Antônio Carlos Magalhães. No mês de abril daquele ano, uma tragédia abalou o carlismo: a morte de Luís Eduardo Magalhães.
O filho do senador "Malvadeza" seria o sucessor natural de Paulo Souto no Governo da Bahia e, quatro anos depois, ungido candidato do PFL à presidência da República. O destino pregou uma peça terrível em todos, mas deu uma excelente oportunidade ao ex-prefeito, então no PSDB - ferrenho adversário do carlismo. Para aproximar-se, conseguiu, através de amigos, uma audiência com o senador logo após a morte de Luís Eduardo.
Inconsolável pelo falecimento do filho, Antônio Carlos Magalhães recebeu o então prefeito de Ilhéus. O baque do abreviamento de uma promissora carreira política fez o senador ir às lágrimas na presença de Jabes. Este não perdeu a oportunidade:
- Senador, eu queria dizer que o senhor perdeu um filho. E nós perdemos um irmão.
Jabes tocou fundo no coração do "homem". Usou a senha que lhe abriu as portas do Governo do Estado e garantiu obras como o Centro de Convenções de Ilhéus - que, não por acaso, chama-se Luís Eduardo Magalhães. Outras obras vieram. E garantiram a reeleição de Ribeiro.
2- O segundo lance acontece agora, oito anos depois. A eleição de 2004 foi uma tragédia para o grupo político do então prefeito. Jabes, entre várias opções, escolheu o respeitado professor Soane Nazaré de Andrade para sucedê-lo no Palácio Paranaguá. A escolha foi contestada. Homem de visão política, Jabes sabia que Soane não possuía chances reais de ganhar - faltava-lhe o que todo político precisa... votos! Ao fazer a escolha, estaria preservando o seu próprio espaço político, como se viu dois anos depois nestas eleições para deputado estadual.
Ribeiro não conseguiu a eleição para o parlamento baiano, neste ano. Entretanto, obteve uma votação expressiva, aproximando-se da casa dos 38 mil votos. A campanha marcou pelos desencontros com o governador e candidato à reeleição Paulo Souto. Quando Jabes pensou em mudar-se de legenda (estava no PFL), o governador teria lhe garantido uma "força" que asseguraria sua eleição como deputado estadual.
Dizem amigos mais próximos do ex-prefeito que o governador não teria cumprido o acordo, levando-o à derrota. As intrigas-brigas entre Jabes e o "soutismo" foram muitas durante a campanha. Por conta do "abandono" em alto mar, na reta final, o ex-prefeito deu o troco no governador "castigando" o filho: deixou a campanha de Fábio Souto, reeleito deputado federal. Jabes preferiu descarregar o seu prestígio no nome de Mário Negromonte, do PP. No abrir das urnas, percebeu-se que o ex-prefeito não conseguira a eleição. Para o político ilheense, a felicidade - contida, é claro! - foi ver o governador derrotado.
Agora, não mais que 20 dias após a eleição no primeiro turno, Jabes iniciou negociação com Gedell Vieira Lima, o dono do PMDB baiano. Resultado: o ex-prefeito vai para a legenda do velho Ulysses Guimarães e abandona o carlismo. Por ela, tentará, pela quinta vez, voltar ao comando do Palácio Paranaguá. A tiracolo, Gedell ainda puxou para o seu partido o empresário Jamil Ocké, político imberbe, com certo carisma e amigo de Jabes. Com isso, o PMDB ilheense se cacifa e ganha força para o processo eleitoral de 2008.
A conferir.
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