Folha critica "parque temático" amadiano
Reportagem da Folha de São Paulo sobre Jorge Amado mostra a obra do escritor grapiúna "diluída" em Ilhéus e na Bahia. E critica o que chama de "parque temático" de Jorge, com o Vesúvio tocando "Sampa" e o Bataclan com encenações "lastimáveis". Duro, não?
O jornal procura revelar o quanto a cidade de Gabriela e Nacib está longe de saber preservar sua cultura, explorar seus potenciais turísticos. O mítico, critica a publicação, vira folclórico. E descaracterizado no Espaço Bataclan Decor.
- Amado possivelmente tremeria na cova ao ver o ambiente de transgressão que retratou em suas páginas se transformar nesse verdadeiro parque temático para turistas -, diz a reportagem de Sylvia Colombo.
Confira trechos, abaixo:
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"O rastro de Amado em Ilhéus, cidade onde passou a infância e parte da juventude, é mais fácil de seguir. Cidade pequena, a praça principal abriga o bar Vesúvio, onde uma estátua desbotada do escritor está "sentada" em uma das mesas.
Em "Gabriela, Cravo e Canela", o local pertence ao comerciante sírio -apelidado de turco- Nacib, que cai de amores pela moça. Hoje o Vesúvio é um point noturno local. Com música ao vivo -violão, teclado e voz-, recebe os visitantes com o repertório padrão desse tipo de formação em todo o Brasil. A certa altura, tocam "Sampa", causando estranhamento na reportagem, que veio de longe atrás de um mundo mítico para topar com esquina tão familiar.
Mas a grande atração da cidade é o Bataclan, o cabaré-bordel que também ganhou vida em "Gabriela", freqüentado por coronéis do cacau em seu apogeu.
Agora o local chama-se "Espaço Bataclan Decor". Seus vários ambientes -bar, reprodução do quarto da cafetina Maria Machadão, escritório típico de um fazendeiro- são apresentados por um casal de atores. Ele faz o coronel; ela, a meretriz.
A encenação é lastimável e trata o universo de Amado como algo folclórico. A vinheta de propaganda diz tudo: "Os tempos mudaram. Vá ao Bataclan e leve a sua família".
A reportagem é um especial sobre a obra e a vida do escritor que nasceu em Itabuna, viveu em Ilhéus e morreu
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O relançamento é da Companhia das Letras e, como se percebe, está cercado de grande merchandising. Ilhéus poderia aparecer melhor na fita, não?
3 comentários:
é meu caro blogueiro, isso é falta de cultura de uma cidade que somente se preocupou com seus cacauais, com a vida alheia, sem aprendizado em como se conviver com as vacas magras. E o pior, sem aprender que empobreceu e que o saudoso e sempre benemérito Jorge Amado, com suas estórias, poderia salvar nossa economia. Ah, é também muita falta de cultura de todos os governantes, a exceção de Jabes Ribeiro e Antonio Olimpio, embora eu nunca tenha votado no primeiro.
Ilhéus poderia aparecer melhor na fita, mas seria ficção. A realidade é essa aí mesmo. Há tempos eu observo o quanto são ridículas aquelas encenações, não só no Bataclan, como as que ocorrem em outros espaços e até nos receptivos no porto. Puramente folclórico e caricato. Falta personalidade a essa terra.
JUCA
Zelão, Estabelecendo o Contraditório:
Se estamos falando de "representação da história",qual seria então a forma de ser "encenada"?
Afora os exageros cênicos, qual deveria ser o "esquete" apresentado pelos atores?
Seria melhor ou pior, se nos antigos quartos do Bataclan, fossem revidas cenas de "sexo esplícito" (de ceroulas e espartilhos), tal e qual faziam as "moças de vida fácil e os coronéis"?
Que tal, se em lugar dos sanitários higiênicos, fossem colocados "penicos" à disposição dos "frequentadores e visitantes?
A história nunca é contada ao pé da letra.
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